segunda-feira, 3 de março de 2014

Orações de São Francisco de Assis

Vendo a obra, vejo Deus; sentindo Deus, sou Amor.
Oh!... quantas coisas se escondem de mim, de vós, de todos, filhas do Criador.
Sinto-me nada, ante a grandeza do Universo;
sinto-me verme, pelas belezas que desconhece o meu coração.
Deus tem filhos no mar, nas estrelas, no ar;
Deus tem filhos nas árvores e na terra.
Deus tem filhos até nas guerras.
Que beleza a função da natureza!...
Vejo a luz surgir no escuro,
vejo a vida perfeita nos monturos(monte de sucata);
vejo o céu nas águas do mar,
vejo e sinto o Amor no amar.
Quando descanso, a natureza trabalha;
Quando durmo, a natureza trabalha;
Quando trabalho, a natureza trabalha;
Quem eu sou?... Nada, diante desta batalha.
Deus é Deus dos justos, Deus é Deus dos párias,
Deus é Deus dos que viajam. Deus é Deus dos que ficam em casa!...
Deus é Deus das trevas, Deus é Deus de Jesus!...
Quando estou cansado, Deus está ocupado;
quando estou reclamando, Deus está obrando;
Quando blasfemo, Deus está entendendo;
quando tenho ódio, Deus está amando.
Quando estou triste, Deus está sorrindo.
Deus é sabedoria e eu estou sonhando!...
Que beleza a natureza!...
Que beleza a profundeza da existência, e do existir.
Eu não compreendo, mas luto para me corrigir;
porém, em frações do tempo, logo quero ajuntar e Deus repartir.
Quero colher, quero usurar; e Deus passa por mim a semear!...
Luto de novo, mas ainda não sei lutar;
penso na disciplina, mas não me deixo disciplinar.
Avanço... caio! Torno a levantar.
E Deus me ouve, passa novamente por mim.
olha para meus olhos, sente meu coração.
E fala baixinho em meu ouvido: Vem, vou te ensinar a amar.
Deus se retira!... Sinto Sua ausência!... Peço clemência!
Mesmo assim, Deus não Se esquece de mim.
Manda um Anjo em meu encalço, num carro fulgurante de luz.
E de braços abertos, caio por terra;
pensei que era o Cristo de Deus, que era Jesus!
E o cortejo dos céus entra em mim, em cântico de louvor.
Abre o meu coração, deixando dentro dele um tesouro de luz!...
O tesouro da dor.
Deus é Deus de amor que transforma a semente em árvore,
em fruto que alimenta a vida,
e, por vezes, o luto!...
Deus é Deus de amor que muda o ninho dos pensamentos
em ninho de luz;
que muda as idéias em ação que nos conduz,
ou deixa que nós caiamos,
para compreender Jesus.
Deus é Deus de amor que nos deu os pés,
para que haja caminhada,
nos ofertou as mãos,
para dar trabalho à enxada;
mas, se ferimos o companheiro,
erramos a estrada.
Deus é Deus de amor que nos deu a cabeça para pensar,
que nos premiou com o coração para amar;
quem aceita o ódio, não pode cantar.
Deus é Deus de Amor que tudo fez,
sem usar o alarde,
que tudo faz,
mesmo que achemos tarde;
que nunca diz: Sois covardes.
Deus é Deus de amor que nos deu o verbo
e nos ensina a falar,
que nos deu a boca
e nos ensina a cantar;
que nos deu o coração
e nos ensina a amar.

Respostas às perguntas feitas em Epístola de Paulo aos Coríntios, 9:1-27

       Paulo é apóstolo. Paulo é livre. Paulo viu nosso Senhor Jesus Cristo. Todos temos o direito de comer e de beber. Temos o direito de levar a esposa e os irmãos. Quem planta a vinha tem direito aos seus frutos. Quem cuida da vaca tem direito ao seu leite. Paulo fala em nome de Deus. Deus tem cuidado de todos. Apesar de termos direito às recompensas materiais, abrimos mão desse direito em nome do sagrado Evangelho do Senhor.
      Aqueles que administram o sagrado comem da propriedade do templo. Aqueles que anunciam o Evangelho vivem do Evangelho. Antes é preferível a morte do que a corrupção da luxúria material. Anuncio o Evangelho não pela glória, mas porque me foi imposta a obrigação. Ai de mim se não enunciar o meu saber! Proponho de graça o Evangelho de Cristo porque minhas glórias não são desta vida. O Reino de Deus não é desta vida. Sendo livre de todos, me fiz servo de todos. Me fiz amigo de todos, na esperança de salvar alguns. Todos que correm no estádio(olimpíadas) fazem o espetáculo, mas somente um ganha os despojos. Nosso prêmio não pode ser comprado ou furtado, precisa ser merecido. Disponho meu corpo à servidão para merecer liberdade.

Carta do Papa Inocêncio III à Francisco de Assis
      " Caro filho Francisco!... Envio a minha bênção papal e rogo de fundo d'alma, que Jesus Cristo te abençoe também, crendo que Deus não te faltará com o Seu imenso Amor. Que Maria Santíssima seja Tua Mãe, hoje e sempre. Em tempos passados, cometi uma falta grave para com teu coração. Sei que te feri, na mais profunda das tuas sensibilidades, desdenhando-te, juntamente com alguns cardeais, por ignorarmos a tua missão. Fomos contrários à tua ajuda em favor da nossa Igreja, que trilhava, e por vezes trilha por caminhos perigosos.
      Naquela época, era eu dominado pelo orgulho, cujo peso ainda sinto no coração, a traçar-me diretrizes, que às vezes obedeço. O caro filho, que muito prezo, deve saber o quanto é difícil alijar do peito que ostenta a autoridade, a prepotência, a vaidade e o egoísmo. Se nos afastamos das chagas de um leproso, pelo receio do contágio, é porque ignoramos a calamidade que existe dentro de nós. E eu, sendo o pior, confesso ser leproso por dentro, e em certos momentos, tenho vergonha de mim mesmo, e confesso isso agora, abatido pela velhice e pela doença.
      Francisco, tu és feliz pelo que és e decidiste ser no panorama do mundo; o teu interior se mostra por fora. A tua vida é um Evangelho, que poderemos ler nos teus próprios atos. Não te escrevo pedindo reservas, assumo todas as responsabilidades. Podes mostrar a quem quer que seja esta missiva, que nada representa na minha educação íntima, se ela revelar o meu arrependimento, porque já estou no fim.
      Eu deveria escrever-te no auge das minhas forças, mostrando assim que entendi o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas peço perdão ao Divino Senhor e que me ajude a reconsiderar e melhorar o coração, retirando do meu peito as ilusões, a que a posição nos insulta e nos cega.
      Estou hoje dando graças a Deus por ter nascido na região da Úmbria um homem como tu, que carrega no íntimo todas as características de Nosso Senhor, que fez da vida uma renúncia, que fez da vida uma completa humildade, que fez da vida um verdadeiro perdão. Foi vendo e sentindo a tua vida, Francisco, que comecei a compreender o que é o Amor e o que significa amar o próximo, nos termos do Evangelho.
      Graças a Deus, temos ao nosso lado um bom cristão, que muito nos ajudou a discernir as coisas e a mostrar na sua pessoa a presença do Cristo e que nos adverte, fazendo-nos ver os perigos dos caminhos que percorremos. Estimulamos, às vezes, a guerra, por pressão de homens inconscientes, que falam muito de Deus, do perdão, mas criamos uma casta separada de Nós, que denominamos de hereges, e os crucificamos, sem procurar saber se eles também têm famílias, e se são seres humanos, filhos de Deus.
      Falamos da Caridade, mas vivemos no Fausto, nunca passando por nossas mentes a falta de teto, de agasalho e de comida dos que não pensam como nós. Criamos um Satanás, para colocar nos seus ombros todas as responsabilidades que temos vergonha e orgulho de assumir.
      Nada fiz em favor da coletividade e nunca quis pensar que Deus é Pai de todas as criaturas, do ladrão ao santo, do pária ao rei, do herege ao próprio papa.
      Hoje, ainda que tarde, já coloco todos no mesmo nível ante a Bondade Divina, que a todos concede, sem distinção, o sol, a chuva, o ar e as águas, o pão, as vestes e o Seu próprio amor, sem distinção. Não querendo alongar-me mais, peço-te perdão. Se comecei esta carta abençoando-te, encerro-a, pedindo-te a bênção.
      Tudo que te falo nesta epístola, é para dizer-te do meu sofrimento na tua ausência e porque quero ver-te antes que a morte venha ao meu encontro. Sofro muito e quero que tuas mãos toquem o meu corpo, que sinto esvair-se em chagas. A minha dor maior é porque todos se afastam de mim e me sinto só. Quero ver-te. Adeus."     Inocêncio III

Confissão de Inocêncio III no seu leito de Morte
      " Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
      Meu filho, que Deus te abençoe! Tua presença junto a mim proporciona-me um imenso bem estar. Sinto o corpo cansado e desgastado pelas coisas inúteis, mas sinto a alma erguida, sustentada pela força doada pelo arrependimento e alimentada na esperança da fala do Divino Amigo a todos nós, quando afirmou:" Nenhuma das minhas ovelhas se perderá."
      Queria pedir-te perdão e humilhar-me na tua presença. Embora sabendo não ser digno, queria beijar os teus pés, para que o meu orgulho se abalasse, deixando-me na condição de réprobo sem valor, juntando migalhas que o teu perdão pudesse me oferecer.
      Nada mais posso fazer pelo êxito do teu trabalho, a não ser orar aos Céus, se minhas orações forem ouvidas; creio que Jesus terá compaixão de mim e que Maria é mãe de todos nós.
      Como dirigente máximo da igreja, estou falido e tenho consciência de que não deveria ter feito o que fiz: incentivar uma Cruzada de crianças inocentes, enviando-as para a morte. Sou, verdadeiramente, um genocida. Acordei tarde, mas abri os olhos à Luz.
      Gostaria que a saúde me visitasse pelas tuas mãos abençoadas, mas se este não for o desejo de Nosso Senhor, aceitarei a doença e a morte com alegria.
      Chamei-te para te fazer um pedido, e morrerei triste, caso não seja atendido. Quero que tu, Frei Francisco, acompanhe esta Quinta Cruzada, que está sendo formada. Se eu tivesse forças, iria lutar para impedi-la; sei que terás forças para desfazer as atitudes perversas de que estão imbuídas as pessoas que a dirigem."

Resposta de São Francisco
      " Querido Pai e companheiro em Jesus Cristo!... É de se notar o vosso grande interesse e amor pelas criaturas e pelo bem-estar da sociedade; isso me comove até às fibras mais íntimas do coração. A vossa posição diante da humanidade é a de um pai e de representante do Cristo na Terra. Mas, devo dizer-vos que a posição de mando, de abundância de coisas materiais e condições de intromissão na intimidade dos lares, fizeram acordar as trevas da prepotência, do orgulho, do egoísmo e da usura, que dormiam dentro de vós, a ponto de formar um exército de crianças e enviá-las à guerra à guisa de reconquista de algo que não vos pertence, nem tão pouco à Igreja. O que vale para nós não é o sepulcro a que chamais de Santo, mas é tudo que tiver saído das mãos divinas do Criador.
      Temos de lutar, sim, e mesmo travar uma guerra, mas para vencer as nossas inferioridades morais. Dentro de nós, bem no centro do coração, existe também um Santo Sepulcro, e deste nos esquecemos, por conveniência, de conquistar, por requerer de nós, trabalho, esforço e muita disciplina. Meu pai, não ides atrás de conquistas exteriores, porque a maior conquista e o maior tesouro moram no nosso íntimo, que somente encontramos quando passamos pelas portas do Amor. Oremos:

Senhor! Fazei de mim instrumento da Vossa paz.
Onde haja ódio, consenti que eu semeie Amor!
Perdão, onde haja injúria;
fé, onde haja dúvida;
verdade, onde haja mentira;
esperança, onde haja desespero;
luz, onde haja trevas;
união, onde haja discórdia;
alegria, onde haja tristeza;
Divino Mestre! Permiti que eu não procure tanto
ser consolado quanto consolar;
ser compreendido quanto compreender
ser amado quanto amar
porque é dando que recebemos;
é perdoando, que somos perdoados;
e é morrendo que compreendemos a vida eterna."

Amém.

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