sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Evangelho Espírita 13-16

CAP 13 - QUE A SUA MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A SUA MÃO DIREITA

FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO

(Mateus 6:1)"Quando derem uma esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que faz a sua mão direita, a fim de que a esmola fique em segredo e Deus, que vê o que se passa em segredo, os recompensará".

(Mateus 8:1) Um leproso veio ao encontro de Jesus e respeitosamente Lhe disse:" Senhor, se quiser, poderá me curar." Jesus o tocou e disse:" Assim Eu quero, fica curado!" . Nesse instante o homem fica curado e Jesus disse:" Procura não falar desse assunto com ninguém, mas prove aos sacerdotes do templo que está curado e pode fazer sua oferenda conforme prescreveu Moisés."

Quando a Caridade é feita com grande propaganda, todos que não foram beneficiados terão seu orgulho ferido, e portanto o sentido de se fazer o bem através da caridade se reverte a fazer o mal a todas as outras pessoas. A verdadeira caridade é feita em segredo, pois que assim somente Deus saberá como melhor proceder nesta pequena semente plantada em boas intenções. Quando você estiver se sentindo caridoso, mais vale deixar algumas moedas para uma humilde mãe trabalhadora do que milhões em frente às câmeras de televisão.

Fazer a caridade com publicidade é um grande prejuízo para ambos, quem recebe e quem doa também, pois que alimentar o Ego e o orgulho de sua riqueza são sentimentos contrários às almas humildes, e sem humildade Deus não pode te recompensar pela bondade. Caridades materiais também tem menos valor de virtudes do bem, pois que assim como o sol nasce para todos, Deus fez toda a natureza para que todos nós pudéssemos viver de sua criação. Na verdade as mais lindas provas de amor na caridade são a doação de seu tempo e sua atenção, e é óbvio, doação de amor. As pessoas humildes, porém ignorantes, acham que não podem fazer doações porque são pobres de bens materiais, mas aquele que doa seu tempo porque acredita estar ajudando uma causa no bem, será o maior dos doadores de amor do Reino do Pai.

Exigir a satisfação de volta por sua caridade, ou seja, ficar esperando a palavra agradecia, ou ficar esperando ter comprado uma amizade, não é mais caridade. Nesse caso uma atitude que poderia ter sido nobre é reduzida a uma simples compra de escravos, pelo peso imposto pela gratidão, e isso se consume no pecado do orgulho e humilhação. Existem orgulhosos recebedores que recusam a esmola mas aceitam de bom grado o serviço recompensado. Nesse caso é bem diferente, pois não se trata da falsa caridade de se comprar escravos, mas neste caso existe sim a verdadeira doação de se doar um serviço com dignidade para que a própria pessoa possa lutar e conquistar seus rendimentos financeiros. O rico que doa um serviço a um pobre, mesmo esse não sendo o melhor dos empregados, é digno de grande recompensa Espiritual por sua caridade, respeito à dignidade e à criação de Deus.

Existem pessoas ricas e pobres de bens materiais, por injustiça humana e igualmente por justiça Divina, não cabendo a humanidade julgar este segundo. Às injustiças humanas da riqueza sem mérito, por orgulho e vaidade e egoísmo, cabe a Deus julgar e humilhar esta almas em próxima reencarnação como nascidos em lares necessitados, onde a sobrevivência diária é uma luta a ser conquistada e vencida. Dessa forma a caridade tem uma função Divina de perdoar as almas que foram ofensoras no passado, mostrando a elas que Deus as perdoa e as querem bem. Aos olhos de Deus, ninguém é melhor que ninguém, e Deus nunca recompensa usando de bens materiais. As propriedades da Terra são uma grande responsabilidade para quem se julga dono delas, e fracassar na missão de ajudar os irmãos através da verdadeira caridade é certeza de condenação humilhatória no julgamento do Céu.

(Marcos 12:41 - Lucas 21:1) Existia um templo e uma urna para doações de dízimo. Jesus observou durante algum tempo ricas senhoras depositando grandes bolsas de moedas, e pobres senhoras ignorando a caixa. Uma viúva que passava necessidades, veio depositar 2 moedas, em agradecimento por uma bênção de Deus, porém que as duas moedas lhe fariam falta. Ela beija as moedas e as deposita, crendo que Deus a ajudará novamente. Jesus chama seus discípulos e diz:" Em verdade Eu digo a vocês, esta viúva foi a maior caridosa entre todas as que passaram aqui hoje. Enquanto todos os outros doavam apenas o excesso que não iria lhes prejudicar, a viúva deu o que lhe faria falta, doando de seu próprio sustento."

As pessoas orgulhosas limpam suas vaidosas consciências com doações que, de outra forma, não lhes faria nenhuma utilidade, pois até quanto dinheiro pode esbanjar uma pessoa para alimentar seu Ego? As pessoas pedem grandes fortunas em orações a Deus, mas prometendo que assim poderiam ajudar os pobres. Quando Deus não cumpre a oração, se sentem esquecidas e em furiosa humilhação. Sem a sua doação amorosa, sem o seu tempo e sem compartilhar (significa partilhar para uso coletivo, inclusive o seu) não existe a verdadeira caridade, pois não respeita a pureza da intenção de ajudar. Qualquer pessoa pode ajudar a qualquer momento, desde o mendigo que senta na calçada, reclamando das chagas do corpo, até mesmo os poderosos empresários que alegam que as 24h do dia são muito poucas para se dar atenção a problemas menores dos que os seus.

Na balança de Deus, que mede as virtudes de uma alma, o ouro não tem peso algum, pois que nenhum metal e nenhuma matéria sólida criada por Deus pode ser incorporada ao Espírito. As virtudes da caridade e da humildade são pesadas como sóis de luz brilhante e quentes de amor, por todos os sacrifícios de tempo doado e trabalho realizado, e aprovado pelo sincero agradecimento dos beneficiados.

CONVIDE AO BANQUETE SOMENTE POBRES E ESTROPIADOS

(Lucas 14:12) "Quando oferecer um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos e você será feliz, porque eles não terão como lhes recompensar. Sua recompensa será nas encarnações futuras" (ressurreição dos justos, no texto original, pois que os judeus daquela época eram materialistas e não acreditavam que iriam deixar o corpo morto na próxima vida).

Jesus falava por ilustrações, metáforas como dizemos hoje. As palavras são pobres para expressar sentimentos, lições e ilustrações. Quando você vai a um museu admirar uma pintura que lhe tocou a alma, com quantas palavras você precisa para contar a sua família tudo o que seus olhos viram? Contando essa história, Jesus queria plantar uma semente do entendimento naquelas pessoas ignorantes das Leis de Deus, e mostrar o verdadeiro significado da caridade, que é falsa quando se tem intenção de ser retribuído nesta vida, com ganhos pessoais. A verdadeira caridade que engrandece a alma é aquela em que você se torna parte integrante da criação Divina, pois que assim você conquista merecimento por suas atitudes.

TEXTO DE AUTOR DESCONHECIDO : OS INFORTÚNIOS OCULTOS
      Nas grandes calamidades a caridade se manifesta e observamos campanhas nobres e generosas para diminuir o efeito desses infortúnios. Sempre ao lado dessas tragédias coletivas, existem milhares de tragédias particulares que passam despercebidas: é o caso das pessoas que permanecem num leito de dor sem se queixar. São esses os infortúnios ocultos que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que venham lhe pedir assistência.
      Quem é esta mulher com ar distinto, vestida de maneira simples, embora bem cuidada, acompanhada de uma jovem que também se veste modestamente? Chega numa casa de aspecto miserável, onde sem dúvida é conhecida, porque ao entrar é cumprimentada com respeito. Para onde ela vai? Sobe até um quarto humilde, onde mora uma mãe de família cercada por criancinhas. A sua chegada é motivo de alegria para aquelas crianças emagrecidas. É porque ela vem acalmar todas as dores. Traz o necessário, pois vem acompanhada de palavras consoladoras, fazendo com que seus protegidos, que não são mendigos profissionais, aceitem o benefício sem constrangimentos. O pai está no hospital e durante este tempo a mãe não pode suprir as necessidades da família. Graças a essa senhora as crianças não sofrerão nem com o frio nem com a fome. Irão à escola bem agasalhadas e no seio da mãe não faltará leite para amamentar os pequeninos. Se alguma criança adoecer, ela não terá dúvida em tratá-la. Dali vai ao hospital levar ao pai algum consolo e tranquilizá-lo sobre a situação de sua família. Na esquina uma carruagem a espera, verdadeiro armazém de tudo o que doa a seus protegidos, que freqüentemente costuma visitar. Ela não lhes pergunta qual sua crença, nem qual sua opinião, pois considera todos os homens irmãos e filhos de Deus. Quando termina a visita, ela diz a si mesma: Comecei bem o meu dia. Qual é o seu nome? Onde mora? Ninguém sabe dizer. Para os infelizes, apesar de ser um nome desconhecido, é o anjo da consolação. À noite, um cântico de bênçãos se eleva por ela até o Criador. Católicos, judeus, protestantes, todos a querem bem.
      Por que ela se veste de maneira tão simples? É para não insultar a miséria com seu luxo. Por que se faz acompanhar de sua jovem filha? É para que ela aprenda como se deve praticar a caridade. Sua filha também quer fazer o bem, mas sua mãe lhe diz:" O que você pode dar minha filha, se nada tem para oferecer?", se eu lhe passar alguma coisa para dar aos outros, qual será o seu mérito? Na realidade, serei eu quem estará fazendo a caridade e você receberá o mérito, o que não é justo. Quando visitarmos os doentes, você vai me ajudar a cuidar deles, pois dispensar cuidados já é dar alguma coisa. Aprenda a costurar e poderá fazer roupas para essas crianças, assim dará algo que vem de você. Isso não lhe parece suficiente? É assim que esta mãe, verdadeiramente cristã, prepara sua filha para praticar as virtudes que o Cristo ensinou. É espírita? Sim? Não? Isso nada importa!
      Para a Sociedade é uma mulher do mundo, pois sua posição assim o exige. Mas ninguém sabe o que ela faz, pois não quer outra aprovação senão a de Deus e da sua consciência. Certo dia, um acontecimento imprevisto levou até sua casa uma de suas protegidas que andava a vender bordados. Esta, ao reconhecê-la, quis pedir sua bênção. "Silêncio!", disse ela. " Não contes nada a ninguém!". Assim também falava Jesus.

IRMÃ ROSÁLIA
      "Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem." Toda religião e toda moral se encontram contidas nesses dois ensinamentos. Se eles fossem seguidos, aqui na Terra, todos seriam felizes, pois não haveria ódios, nem conflitos, nem ressentimentos e principalmente não haveria pobreza, porque daquilo que sobra da mesa dos ricos muitos pobres se alimentariam. Assim, vocês não veriam mais, nos bairros sombrios em que vivi, durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo crianças miseráveis necessitadas de tudo.
      Ricos! Pensem um pouco em tudo isso. Ajudem os infelizes com o melhor que puderem. Deem, para que um dia Deus possa retribuir o bem que fizeram e para que possam encontrar, quando desencarnarem, um grande número de espíritos agradecidos que irão recebê-los na fronteira de um mundo mais feliz.
      Se pudessem imaginar a alegria que senti ao reencontrar no Além aqueles a quem pude ajudar em minha última encarnação terrena!
      Portanto, amem ao próximo. Amem como amariam a vocês mesmos, pois agora sabem que o infeliz que afastam, pode ter sido, outrora, um irmão, um pai, um amigo que agora rejeitam. Qual não será o desespero de vocês ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!
      Espero que tenham entendido bem o que deve ser a caridade moral, aquela que qualquer um pode fazer, porque não custa dinheiro e, ainda assim, é a mais difícil de ser praticada.
      A caridade moral consiste em se tolerarem uns aos outros, e é o que menos fazem nesse mundo inferior onde estão encarnados atualmente. Possui um grande mérito, acreditem em mim, o homem que sabe calar-se para deixar falar um outro que seja mais tolo que ele. Assim agir é uma forma de praticar a caridade. Não deem ouvidos quando uma palavra de menosprezo escapa de uma boca acostumada a zombar. Ignorem o sorriso desdenhoso com que muitos os recebem por se acreditarem superiores. Na vida espiritual, que é a única real, essas pessoas frequentemente estão muito abaixo de vocês. Proceder dessa forma não é ser humilde, mas caridoso, pois não observar o erro dos outros é uma forma de praticar a caridade moral.
      Entretanto, a caridade moral não deve impedir a caridade material. Cuidem para não desprezar o seu semelhante. Lembrem-se do que eu disse. "O pobre que hoje rejeitam pode ter sido um espírito que foi muito importante para vocês em outra vida, e que, momentaneamente, se encontra em uma posição inferior". Tive a oportunidade de reencontrar na Vida Espiritual um dos pobres a quem pude, por felicidade, ajudar algumas vezes na Terra, e a quem hoje me cabe implorar por seu auxílio.
      Lembrem-se de que Jesus disse que somos todos irmãos, e pensem sempre nisso antes de rejeitarem o indigente ou o mendigo. Adeus, pensem naqueles que sofrem e orem por eles!

UM ESPÍRITO PROTETOR
      Meus amigos, tenho ouvido muitos dizerem:" Como posso fazer a caridade se muitas vezes nem mesmo tenho o necessário?"
      A caridade pode ser feita de mil maneiras. Podem praticá-la por pensamento, por palavras e por ações. Como praticar a caridade por pensamento? Orando pelos pobres abandonados que morreram sem terem podido viver com dignidade. Uma prece vinda do coração os aliviará.
      Como praticar a caridade por palavras? Dirigindo aos companheiros do dia a dia conselhos benéficos. Dizendo aos homens amargurados pelo desespero, pelas privações e que por isso ofendem a Deus:" Eu era como vocês, sofria e me considerava infeliz, mas acreditei no Espiritismo e hoje sou feliz." Aos velhos que dizem: " É inútil, estou no fim da vida, vou morrer como vivi." respondam assim:" A justiça de Deus é igual para todos, lembrem-se dos trabalhadores da última hora." Digam às crianças, que já estão viciadas pelas más companhias, e que, prestes a ceder às más tentações, se perderão pelo mundo:" Deus toma conta de vocês, meus queridos pequenos", e não temam em repetir sempre para elas essas doces palavras. Elas acabarão sendo assimiladas por suas jovens inteligências, e em vez de pequenos vagabundos terão feito homens de bem. Isso também é fazer a caridade.
      Como praticar a caridade por ações? Oferecendo aos irmãos um sorriso, tendo para com eles um gesto afetuoso, dispensando-lhes singelas atenções, prestando-lhes pequenos favores, enfim, procurando tratá-los como gostariam de ser tratados.
      Muitos de vocês dizem:" Somos tantos na Terra que Deus não pode nos ver a todos." Escutem bem isso, meus amigos: quando estão no alto da montanha, não abrangem com o olhar os milhões de grãos de areia que a circundam? Pois bem! Deus observa a todos do mesmo modo. Ele deixa que usem o livre-arbítrio, assim como vocês deixam os grãos de areia se moverem aos sabor do vento que os dispersa. A diferença é que Deus, em Sua misericórdia infinita, colocou no fundo do coração de vocês uma sentinela vigilante que se chama consciência. Escutem-na porque ela somente dará bons conselhos. às vezes conseguem entorpecê-la, deixando que o espírito do mal se manifeste, então ela se cala. Mas fiquem certos de que ela se fará ouvir novamente, tão logo perceba em vocês o primeiro sinal de arrependimento. Escutem e questionem sua consciência, pois ela sempre terá bons conselhos para confortá-los.
       Meus amigos, a cada novo regimento o general confia uma bandeira. Eu trago a minha através desse ensinamento do Cristo:" Amem-se uns aos outros". Pratiquem e reúnam-se em torno desse ensinamento e receberão como retorno a felicidade e a consolação.

ADOLPHO BISPO DE ALGER
     página 165 segunda edição editora Besouro Box

SÃO VICENTE DE PAULO
      página 166 da mesma obra

CÁRITAS - MARTIRIZADA EM ROMA
      Meu nome é Caridade, eu sou o caminho principal que conduz a Deus. Sigam-me, pois sou o objetivo a que todos podem e devem visar.
      Fiz esta manhã minha caminhada habitual, e digo-lhes com o coração aflito: Meus amigos, quanta miséria, quantas lágrimas e quanto trabalho a realizar para secá-las! Procurei em vão consolar as pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: Coragem! Existem corações bondosos a protegê-las, não ficarão abandonadas. Paciência! Deus está aqui, e vocês são suas amadas eleitas. Elas pareciam me ouvir e voltavam para mim seus olhos arregalados e distantes. Eu via em suas expressões que o corpo estava com fome, e se minhas palavras tranquilizavam um pouco seus corações, elas não lhes saciavam o estômago.
      Então eu repetia: Coragem! Coragem! E uma pobre mãe, bem jovem, que amamentava uma criancinha, tomou-a em seus braços e estendeu-a no espaço vazio, como a me pedir para que protegesse aquele pequeno ser, que encontrava alimento insuficiente, num sei quase sem leite.
      Mais adiante, meus amigos, vi pobres velhos sem trabalho, e também sem abrigo, atormentados pela necessidade e envergonhados de sua miséria. Não tinham sequer coragem para pedir esmola aos que passavam, pois nunca mendigaram.
      Eu, que nada tenho, com o coração tomado de compaixão, me fiz mendiga para eles e vou por toda parte estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e sensíveis. Por isso, venho até aqui dizer: existem por aí infelizes em cujos casebres não tem pão para comer, não tem fogo no fogão e não tem cobertor em sua cama. Não digo o que é preciso fazer. Deixo que seus bons corações tomem a iniciativa. Se dissesse como devem proceder, suas boas ações não teriam mérito. Eu apenas digo: Sou a Caridade e estendo as mãos pelos irmãos sofredores.
      Mas se peço, também dou e dou muito. Eu convido a todos para um grande banquete e forneço a árvore onde irão se saciar! Vejam como é bela, como está carregada de flores e frutos! Venham, peguem todos os frutos dessa bela árvore que se chama beneficência. No lugar dos ramos que arrancarem, colocarei todas as boas ações que fizeram e levarei até Deus, para que Ele a carregue de novo, pois a beneficência é inesgotável. Sigam-me meus amigos, a fim de que eu possa colocá-los entre aqueles que seguem a minha bandeira. Não tenham medo, eu vou conduzí-los pelo caminho da salvação, pois sou a Caridade.

UM ESPÍRITO PROTETOR

      Meus caros amigos, a cada dia ouço quando dizem:" Sou pobre, não posso fazer a caridade", e todos os dias vejo muitos não perdoarem seus semelhantes. Além de não perdoarem nada, ainda se colocam como juízes severos. Certamente não gostariam de ser tratados da mesma maneira. o perdão também não é caridade? Aqueles que puderem fazer somente a caridade através do perdão, façam pelo menos essa, mas façam em grande quantidade. Em relação à caridade material, vou lhes contar uma história do outro mundo.
       Dois homens acabam de morrer e Deus havia dito:" Enquanto esses dois homens viverem, suas boas ações serão colocadas em sacos separados, para que sejam pesados após a sua morte". Quando ambos chegaram aos últimos momentos de suas vidas, Deus mandou trazer os dois sacos. Um estava pesado, grande, bem cheio, e nele ressoava o metal que o enchia. O outro, era tão pequeno e fino, que se viam através do pano as poucas moedas que continha. Cada um dos homens reconheceu seu saco:" Eis o meu, disse o primeiro, posso reconhecê-lo, fui rico e dei muito." "Eis o meu, disse o outro, sempre fui pobre e não tinha quase nada para repartir." Mas que surpresa! Quando os dois sacos foram colocados na balança, o maior tornou-se leve e o menor ficou pesado, tanto que elevou muito o outro prato da balança. Então Deus disse ao rico:" Você deu muito, é verdade, mas deu por ostentação e para ver seu nome figurar em todos os templos do orgulho. Além disso, ao dar você não se privou de nada. Vai para esquerda e fica satisfeito pelo fato de suas esmolas ainda lhe servirem para alguma coisa". Depois disse ao pobre:" Você deu pouco, meu amigo, mas cada uma das moedas que estão na balança lhe representou uma privação. Se não deu esmola, fez a caridade, e o que é melhor, fez naturalmente, sem pensar que a levariam em conta. Foi tolerante e não julgou seu semelhante, pelo contrário, encontrou desculpa para cada uma das más ações que eles cometeram. Passa à direita e vai receber sua recompensa."

A PIEDADE POR MICHEL
       página 170

CAP14 HONRAR PAI E MÃE

O mandamento é uma consequência da Lei da Caridade e do Amor, porque dependendo do caso tem algumas implicações em seu caráter e na sua alma. Os laços familiares podem ser muito antigos, formando um grupo de almas que se conhecem desde a criação. Em alguns casos, por terem mais afinidade, as almas então nascem em situação de pais e filhos para tirar proveito da Hierarquia do lar, fazendo que as almas "teimosas" sejam obrigadas a ouvir a voz que tem mais razão. Em outros casos, a diferença de evolução é tanta que até parece que o filho é professor do pai, porém nunca se deve abandonar a posição da Hierarquia do lar, nem mesmo após adulto, como bom exemplo temos os filhos que sempre pedem "bênção" ao pai toda vez que o encontra. O pai não deve exigir prestar contas dos filhos por todas as graças que Deus lhe concedeu para criar os filhos, pois isso seria uma ingratidão para com Deus. Os filhos nunca devem virar suas costas e abandonar os pais, ou ainda ignorarem sua existência fazendo apenas pequena caridade para mantê-los vivos como se fossem estranhos mendigos. A relação entre pai e filho pode sofrer atritos e discussões iradas, mas isso é apenas o processo de se mostrar humildade para as almas orgulhosas, que se rebelam ao ataque.

O mandamento se estende a relacionamentos não biológicos, como a adoção dos filhos, mestre e aluno, todos que se doam para a causa da educação e proteção daqueles que não podem se manter saudáveis por conta própria. Da mesma forma como Jesus nos ensina o perdão aos inimigos, mais fácil será então perdoar os amigos, as pessoas que assumem a responsabilidade de nos criar devem ser perdoadas de seus erros pois que nenhuma guerra é eterna, nenhum pecado é maior que a virtude e nenhuma falta ficará impune por Deus. Os erros cometidos pelos pais podem magoar as inocentes almas infantis, mas o adulto tem condições de transformar esses maus exemplos em bons exemplos, construindo melhor seu caráter e evitando de cometer a falta ele mesmo.

Todos nós Cristãos, seja espírita ou não, temos a prova de que o Reino de Deus não é deste mundo material, como Jesus ensinou. Portanto seria muito irracional pensar que os defeitos de seus pais sejam punição de Deus, pois que todos nós somos imperfeitos e estamos aqui na Terra exatamente para viver essas imperfeições e unirmos forças para não mais continuar o erro. Como nós espíritas sabemos, em próximas vidas nossos papéis se inverterão, e para o futuro devemos apenas levar bons exemplos e carinhosas memórias, que serão as sementes das famílias no futuro melhor.

SANTO AGOSTINHO
      A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo e revolta sempre os corações honestos. Entretanto, a ingratidão dos filhos em relação aos pais tem um caráter ainda mais odioso. É particularmente sob o ponto de vista da ingratidão dos filhos para com seus pais, que faremos a análise de suas causas e de seus efeitos. Também nessa questão, como em tantas outras,  o Espiritismo vem esclarecer um dos grandes problemas do coração humano.
      Quando o Espírito deixa a Terra, leva consigo as paixões e as virtudes próprias de sua natureza. Retorna ao Plano Espiritual para se aperfeiçoar ou permanecer estacionário até que deseje se esclarecer. Muitos desencarnam levando consigo grandes ódios e desejos de vinganças que não puderam executar. Os que estão mais evoluídos conseguem perceber uma parte da verdade. Compreendem então os efeitos danosos de suas paixões e procuram se melhorar, reconhecendo que para chegar até Deus só existe um caminho: a caridade. Porém, não existe caridade sem o esquecimento das ofensas e das injúrias, não existe caridade com ódio no coração, e não existe caridade sem perdão.
      Então, com um esforço muito grande, eles olham aqueles a quem odiaram na Terra, e essa visão desperta seu rancor. A idéia de perdoar e amar aqueles que destruíram talvez sua fortuna, sua honra, sua família, lhes revolta. Assim, o coração desses infelizes está abalado. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Uma vez que o Espírito toma a decisão de encarnar entre inimigos de vidas passadas, ele roga a Deus e aos bons espíritos auxílio para enfrentar e vencer a prova.
      Após anos de meditação e prece, o Espírito aproveita-se de um corpo que está em preparo e pede aos Espíritos encarregados de transmitir as ordens superiores permissão para reencarnar na família daquele a quem detestou. Realizará na Terra o destino daquele corpo que acaba de se formar. Qual será então sua conduta nessa família? Ela dependerá da maior ou menor persistência em cumprir as resoluções tomadas antes de reencarnar. O contato incessante com aqueles a quem odiou é uma prova terrível, e muitas vezes o Espírito fracassa se não tiver uma vontade bastante forte. Assim, conforme prevaleçam ou não as boas decisões que tomou, ele será amigo ou permanecerá inimigo daqueles em cujo meio veio viver. É desse modo que se explicam os ódios, as repulsas instintivas que se notam em certas crianças e que nenhum ato anterior consegue justificar. Para compreender essa antipatia é necessário voltar os olhos ao passado, pois não existe nenhum fato, nessa nova existência, que possa explicá-la.
      Espíritas! Compreendam o grande papel da Humanidade, compreendam que quando se gera um corpo a alma que nele reencarna vem do Plano Espiritual para progredir. Cumpram com seus deveres, e façam o que for possível para aproximar essa alma de Deus, mas façam com muito amor. Esta é a missão que foi confiada a vocês, e serão recompensados se a cumprirem fielmente. Os cuidados, a educação que vão lhe dispensar, ajudarão no seu aperfeiçoamento e no seu bem-estar futuro. A cada pai e cada mãe, Deus perguntará:" O que fizeram do filho que lhes foi confiado?". Se permaneceu atrasado por culpa de vocês, seu castigo será vê-lo entre os espíritos sofredores, pois sua felicidade dependia da dedicação que dispensariam a ele. Então, atormentados pelo remorso, pedirão uma oportunidade para repararem a falta. Solicitarão uma nova encarnação para ambos, na qual irão criá-lo com maior cuidado, e ele, cheio de reconhecimento, irá retribuí-los com seu amor.
      Não rejeitem, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que só sabe pagar com a ingratidão o que recebe. Não foi o acaso que o fez assim, como também não foi o acaso que o enviou para que dele cuidassem. É o passado que está se revelando e através dele podem deduzir que um ou outro já odiou muito ou foi muito ofendido. Que um ou outro veio para perdoar, ou para expiar as desavenças de vidas anteriores. Mães! Abracem o filho que lhes causa desgosto e digam para vocês mesmas:" Um de nós é culpado". Façam por merecer os prazeres da maternidade, ensinando a seus filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar e para aprender a amar. Muitas mães, em vez de combaterem pela educação, os maus princípios de nascença provenientes de existências anteriores, mantêm e desenvolvem esses mesmos princípios por serem fracas no agir ou por serem negligentes. Mais tarde, com o coração amargurado pela ingratidão dos filhos, sofrerão, já nesta vida, o começo de suas expiações.
       A tarefa não é tão difícil quanto podem pensar, pois ela não exige cultura. Tanto o ignorante quanto o sábio podem cumpri-la. O Espiritismo vem facilitá-la, ensinando-nos a causa das imperfeições humanas.
      Desde o nascimento, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de suas existências anteriores. É preciso aplicar-se em estudá-los. Todos os males tem origem no egoísmo e no orgulho. Cabe aos pais observar e combater os menores sinais de manifestação desses vícios, sem esperar que criem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro que arranca os brotos daninhos à medida que os vê aparecerem na árvore. Se deixarem que o egoísmo e o orgulho se desenvolvam, não se espantem, mais tarde, se forem pagos com a ingratidão.
       Quando os pais fazem tudo o que podem para o adiantamento moral dos filhos, e ainda assim não alcançam êxito, suas consciências devem ficar tranquilas e o desgosto que sentem por verem todos os seus esforços fracassados é natural. Deus lhes reserva uma imensa consolação, na certeza de que isso é apenas um atraso momentâneo desse Espírito. Será permitido aos pais terminarem, em uma outra existência, a obra começada nessa, e um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor.
        Deus não dá a prova acima das forças daquele que a pede. Ele apenas permite aquelas que podem ser cumpridas. Se fracassarmos, não é por falta de condições, mas por falta de vontade. Existem muitos que em vez de resistirem aos maus pensamentos, neles de comprazem. É para esses que estão reservados o choro e os sofrimentos em existências posteriores. Admirem, portanto, a bondade de Deus, que nunca fecha as portas ao arrependimento.
       Chegará o dia em que o culpado, cansado de sofrer, com seu orgulho dominado, pedirá ajuda. Só então Deus abrirá Seus braços paternais para o filho pródigo que se lançará a Seus pés. As grandes provações, quando aceitas com o pensamento em Deus, quase sempre indicam o fim de um sofrimento e, por consequência, um aperfeiçoamento para o Espírito. É um momento supremo, e o Espírito não deve se lamentar se não quiser perder o fruto da prova e ter que recomeçá-la. Em vez de reclamarem, agradeçam a Deus pela oportunidade de poderem vencer e receberem o prêmio pela vitória. Quando saírem da vida terrena e entrarem no Mundo dos Espíritos, serão aclamados como o soldado que sai vitorioso da batalha.
      As provas mais difíceis são aquelas que afetam o coração. Existem aqueles que suportam com coragem a miséria e as privações materiais, mas abatem-se ao peso das amarguras domésticas, atormentados pela ingratidão dos seus. Que angústia terrível! Nesses casos, mais que o conhecimento das causas do mal, a certeza de que não existem sofrimentos eternos é que ajuda a reerguer a coragem moral, porque Deus não quer que Sua criatura sofra para sempre. O que pode existir de mais consolador e encorajador do que saberem que depende apenas de seus próprios esforços abreviarem o sofrimento, destruindo em vocês mesmos as causas do mal? Para isso, não poderão observar apenas uma existência terrena; será necessário elevarem-se a ponto de abrangerem a percepção do passado e do futuro. Então a Justiça infinita de Deus se revelará aos seus olhos e passarão a encarar a vida com paciência, pois terão a explicação do que parecia uma monstruosidade na Terra; as feridas que suportaram parecerão arranhões. Olhando para o conjunto das várias existências, os laços de família aparecem como realmente são. Já não são mais os laços frágeis da matéria que reúnem os seus membros, mas sim, os laços duráveis do Espírito que se perpetuam, se consolidam e se purificam, em vez de se romperem pelo efeito da encarnação.
      Os Espíritos que buscam o progresso moral e possuem semelhanças de gostos e afeições, reúnem-se formando famílias. Esses Espíritos, quando retornam à Terra, procuram se agrupar como faziam no Mundo Espiritual, dando origem a famílias unidas e homogêneas. Se nas suas idas e vindas ficarem temporariamente separados, mais tarde eles se reencontram e ficam felizes pelos novos progressos realizados. Entretanto, como não devem trabalhar apenas para si mesmos, Deus permite que Espíritos mais atrasados venham encarnar-se entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos para progredirem. Esses Espíritos atrasados geralmente causam perturbações no ambiente dos Espíritos mais evoluídos, o que constitui para eles uma prova a ser suportada. Portanto, acolham e os ajudem como irmãos, e mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se alegrará por ter salvo alguns náufragos, que por sua vez poderão salvar outros.

CAP 15 FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

(Lucas 10:25) "Um homem que descia de Jerusalém a Jericó foi assaltado por ladrões que o despojaram de tudo e ainda cobriram-no de feridas, deixando-o quase morto. Um sacerdote, que descia pelo mesmo caminho, quando viu o homem, tratou de passar bem longe. Um Levita, que vinha mais atrás, ao ver o homem caído, também passou longe. Mas um Samaritano, ao passar por onde o homem estava caído, foi tomado de compaixão. Aproximou-se dele, passou azeite e vinho em suas feridas, e depois as enfaixou. Colocou o homem sobre seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas de prata e deu ao hospedeiro dizendo:" Cuide bem desse homem, e tudo o que você gastar a mais, eu lhe pagarei quando retornar". Qual dos três, a seu ver, parece ter sido o próximo daquele que foi assaltado?" E o doutor da lei respondeu:" Aquele que teve misericórdia para com ele." disse Jesus:" Vá e faça o mesmo". Observação: Não significa que Jesus preferia os Samaritanos, isso é apenas um exemplo hipotético, Jesus poderia ter dito Zé Mané, ou Palmeirense, ou qualquer grupo. Não significa que esses grupos tem mais razão que os outros.

"Bem aventurados os humildes, porque é deles o Reino dos Céus, bem aventurados os que tem puro o coração, bem aventurados os que são mansos e pacíficos, bem aventurados os que são misericordiosos. Amem o próximo como a vocês mesmos, façam aos outros o que gostariam que os outros fizessem por vocês, respeitem os inimigos, perdoem as ofensas se quiserem ser perdoados, façam o bem sem ostentação, julguem-se a si mesmos antes de julgarem os outros".

Voltamos a repetir sempre, por todo o texto do Evangelho Espírita, que as ilustrações que Jesus usava para ensinar não devem nunca ser tomadas por verdade sem interpretação, ou seja, é linguagem figurada. Em uma metáfora dizemos :" A chuva estava tão gelada que corri como um raio para chegar até aqui." Eu não me tornei um raio de verdade, que é uma descarga de elétrons que ocorre entre a nuvem e o chão. Eu não atingi a velocidade do raio, pois o mais rápido ser humano da atualidade atinge 45km/hora e os elétrons do raio atingem 300km/segundo. Eu não emiti um clarão de luz e não fiz o barulho do trovão. Então de que se trata a metáfora? A intenção do texto foi de exemplificar o SENTIMENTO do meu esforço em correr ao máximo que meu corpo me permite para vencer o obstáculo da baixa temperatura da água. "Estou com uma fome de leão", "poderia comer um cavalo", "Matei aula hoje", são metáforas hipérboles, que exageram o tamanho físico da ilustração com a intenção de demonstrar a forte intensidade do sentimento da pessoa. Dessa forma, Jesus habilidosamente desenhava figuras mentais nos alunos usando de poucas palavras, e respeitando a capacidade de raciocínio da pessoa.

Uma dessas metáforas que Jesus nos ensina é a do pastor e das ovelhas. Essa metáfora foi levada ao pé da letra, de forma que deu surgimento aos cultos pastorais evangélicos, que tem como uma de suas condutas a leitura literal da bíblia, tanto em velho como em novo testamento. Essa prática leva a raciocínios impossíveis, desrespeitando a ciência e a lógica da Natureza. Mais ainda, tomando por verdadeiras as metáforas da bíblia, a pessoa acaba aceitando o fato sem raciocínio, pois este está confuso em conflito com a Lei Natural. Esses desentendimentos geram fraquezas e pecados, como a vaidade de se considerar mais puro do que aquele que não participa do culto, ou rebaixando a Deus a um mero santo que luta com Satã, em uma eterna luta sem vitórias. Jesus Disse, sem metáforas e sem duplo-sentidos e sem sentidos ocultos e sem necessidade de raciocinar, que Jesus DETERMINA:" Amai(respeite e acredite) a Deus ACIMA de todas as coisas (inclusive do Diabo que não tem poder divino), Amai ao próximo(os não crentes) como a si mesmos(em nível de igualdade)". ESSA É A LEI. (Mateus 22:34)

Se Jesus coloca a caridade como a primeira das virtudes, é porque ela contém, implicitamente, todas as outras: a humildade, a mansidão, a bondade, a indulgência, a justiça, etc. e também porque a caridade é totalmente oposta ao orgulho, ao egoísmo e a vaidade.

APÓSTOLO PAULO - CARTA AOS CORÍNTIOS 13:1
      Ainda que eu falasse todas as línguas dos homens e até mesmo à língua dos anjos, se não tiver caridade, sou apenas um metal que produz um som e um sino que toca. Ainda que eu tivesse o dom de profetizar e conhecer todos os mistérios, e tivesse um perfeito conhecimento de todas as coisas, e ainda que tivesse toda a fé possível, capaz de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada serei. E se tivesse distribuído meus bens para alimentar os pobres, e entregado meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, tudo isso de nada me serviria.
      A caridade é paciente, é doce e benigna, não é invejosa, não é afoita e nem precipitada. Não se enche de orgulho, não despreza ninguém, não procura seus próprios interesses, não se vangloria nem se irrita com nada. A caridade também não faz julgamentos precipitados, não se alegra com a injustiça e sim com a verdade. Ela a tudo suporta, tudo crê, tudo espera e tudo sofre.
      Entre essas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, a maior delas é a caridade.

Com o perdão da palavra, seria falta de caridade minha deixar de comentar o dogma que as igrejas construiram para seu proveito próprio:" Fora da Igreja não há salvação". Esse dogma separa e desune os irmãos, provocando rixas, discussões e até a guerra das Cruzadas. A Verdade que vem de Deus é a seguinte:" FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO". Então porque Deus permite a deturpação da palavra pelas igrejas? Porque é a necessidade dos humanos em se unir a um grupo, assim como ovelhas se unem a rebanhos para se protegerem contra os lobos.

CAP16 NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON(dinheiro)

(Lucas - 12:13 - 16:13 - 16:19 - 18:18 - 19:1)(Mateus 19:16 - 25:14)(Marcos 10:17)

A bíblia está repleta de exemplos de como os ricos egoístas e avarentos nunca entrarão no Reino dos Céus, mas com a permissão Divina eu estarei acrescentando uma história verídica, sem metáforas, da infância de São Francisco de Assis, que foi a Reencarnação de João Evangelista, o último apóstolo de Jesus a desencarnar da Terra. São Francisco era filho de Pedro Bernardone(o mais rico comerciante e dono de escravos de Assis) e Maria Picallini Bernardone, criado também por Jarla, escrava grega. Livro "Francisco de Assis" por João Nunes Maia e Miramez 26ª edição editora Fonte Viva pág. 181

      "Pedro Bernardone estava desesperado com a mudança de Francisco, filho que ele esperava ser seu substituto no grande comércio... O rapaz surgiu diante do pai, cumprimentando-o amavelmente, e logo foi conversar com alguns trabalhadores... Pedro, interessado, procurou sorrateiramente, escutar a conversa, para tirar conclusões sobre as idéias do seu filho. E ouviu o diálogo travado com um dos feitores:
- Olá Gustavo!
- Senhor Francisco, como vai? O senhor deve estar bem; jovem, rico, sendo cortejado por lindas mulheres... O senhor é feliz. Quem dera fosse eu!... - suspirou o rude servidor.
      Francisco, de olhos fixos nos olhos do feitor, dominando-o, sentiu de pronto sua natureza inferior; todavia, isso não importava. Queria experiências, suspender o nível de compreensão daquele ser humano, mostrando a ele que a verdadeira vida estava noutra frequência. Mesmo que ele não entendesse naquela hora, ficaria com a consciência tranquila do dever cumprido...
      A ciência do ambiente, desprendida pelo coração de Francisco, transformara um pouco o capataz, colocando-o à vontade, e este imediatamente, entregou-se ao rapaz com toda a confiança. Pensava o senador: "Ninguém nunca me falou com tanta segurança, jamais recebi tanta atenção, como a que o jovem senhor está me dando hoje, e deve ser por isso que o patrão o está achando estranho..." e balbuciou baixinho:" Se todo mundo fosse assim, que beleza! A gente até esqueceria os sofrimentos da Terra". E tomou coragem para falar ao filho de Bernardone:
- Olha, senhor Francisco!... apontou o dedo para a grande cabaça. O senhor sabe o que tem ali dentro?
- Certamente que é água, Gustavo. A natureza é tão sábia, que além de nos doar água pura para nos sustentar a vida do corpo, ainda faz a vasilha com as condições exigidas, no sentido de manter essa mesma água, fresquinha e saudável. É nestas pequenas coisas, meu amigo, que encontramos Deus.
- Será que tem alguém nos ouvindo?
- Tem Gustavo!
- É o Senhor, não?
- É o Senhor , sim! O Senhor do Céu, Gustavo, Deus, que tudo vê e tudo escuta, mas a ninguém castiga e ama a todos com o mesmo ardor.
- Então vou contar ao senhor, um caso... - aponta o dedo para a cabaça - Olha, patrãozinho!... aquela cabaça, antes era para água, mas o seu destino mudou; hoje está cheia de óleo de pedra, que deverei derramar na minha saída, em todos os fardos de palha do celeiro. Tarde da noite atearei fogo, porque não aguento mais o seu pai. Já pela terceira vez ele cospe na minha cara, na vista dos servos. Ele exige respeito, no entanto, a ninguém respeita. O que posso fazer é bater nos escravos, o que eu faço com todo o meu ódio. Mas tudo tem limite e agora eu quero vingança. Não sei porque estou contando ao senhor, pois essa casa lhe pertence também; porém vejo em ti um homem diferente daquela fera. Desculpe-me, mas seu pai é um animal...
      Pedro Bernardone que escutava escondido, mordia os lábios de raiva e a pressão subia. Teve um ímpeto de estrangular o traidor. Mas a curiosidade de saber da resposta do filho era maior, e manteve o silêncio. Francisco falou com autoridade:
- Gustavo, não deves prejudicar o teu senhor, do modo que pretendes. É certo que estás sendo lesado nos valores que a vida te confiou, sem que a oportunidade possa bater em tua porta de imediato, convidando-te para melhores dias; não obstante, a própria vida demora, mas nunca se esquece dos filhos de Deus e tu fazes parte do Grande Rebanho. Se já chegaste até aqui com esse fardo pesado, caminha mais um pouco, porque na verdade a tolerância que porventura exercitas agora, adiante te abrirá muitas portas, por onde poderás passar com mais facilidade, sentindo a vida e vivendo em Deus. O ódio que parece querer pousar no seu coração escurecerá os teus dias, dificultando assim que encontres os caminhos da luz. Faze com que a tua cabaça volte ao seu trabalho de servir de instrumento de matar a sede, e nunca mais enlameie essa vasilha de intenções iníquas. Nunca queiras, Gustavo, perverter as coisas, somente porque os teus dias estão longos e negros.
- Gustavo, eu sou filho de Pedro Bernardone, bem sabes, não porque mereço esse conforto, não porque mereço essa posição social que ora desfruto; é por misericórdia de Deus, meu e teu Pai igualmente. De uma hora para outra poderemos trocar de posição na vida, e quem sabe, não irei precisar de ti nas maiores dores, nas cruciantes provações? Os bens materiais, Gustavo, são transitórios, não tem parada certa; quando sua estadia começa a fazer mal ao zelador, são retirados por forças invisíveis e colocados em outras mãos, com outro destino. O nosso empenho verdadeiro deve ser o da conquista dos tesouros eternos, que andam conosco onde estivermos.
      O capataz nunca tinha ouvido um falar tão bonito como aquele, Estava admirado! Onde ele aprendera coisas como aquelas? Francisco, além das palavras, envolvera Gustavo em um magnetismo de amor, de interesse, de bondade, e o servidor não suportara o ambiente de que nunca fora alvo e seus olhos estavam marejados de lágrimas... Francisco também emocionado prosseguia:
- Vê como a maldade não reside em teu coração. Estás querendo é defender-te dos ataques do teu senhor, e querendo dias melhores; no entanto, não sabes por onde começar e, nessa perturbação, vicejam meios errados. Se começares revidando os acicates da prepotência, perderás, porque o ódio gera ódio, rebenta-se na maior inimizade, e quando os transformamos em amor, Deus nos premia com a Paz. Não deve importar a ti como o senhor Bernardone adquiriu tudo o que aqui se encontra. O que deve te importar, sim, é cumprir o teu dever, onde o céu te chama. Destruir não deve ser a atitude de homens de senso iluminado pela fé. Ninguém sofre eternamente; as sombras continuarão, enquanto não aparecer o Sol da compreensão. Se por acaso persistires na maldade, demorará amarrado nas vigas da cegueira, e somente enxergarás a ti mesmo, esquecendo-te dos outros. O egoísmo te prende de mãos dadas às irreverências.
      Pedro Bernardone ainda escondido estava abatido. Apesar da defesa do filho, a educação e ternura com os servos era para ele uma falta gravíssima. Pensou "Depois acerto as contas com esse cão!" e voltou para seus aposentos. Gustavo ordenou os pensamentos e respondeu:
- Nunca pensei que na família do carrasco pudesse nascer alma tão pura como o senhor. Sinto que deve estar sofrendo com esse modo de viver. Preciso de quem me ajude, não sei mais o que pensar sobre mim. Estou humilhado, doente e maltratado como um animal. Quero encontrar no senhor um arrimo, quero ter fé em alguma coisa, quero ter esperança, menino Francisco!... As lágrimas explodiram.
     Francisco esperou que as emoções se acalmassem, e percebendo que o capataz arrependido iria quebrar a cabaça, interveio com ternura:
- Não faças isso, Gustavo. Queres mostrar o teu arrependimento, destruindo? Quebrar essa cabaça é mostrar que a vingança ainda ronda o teu coração. Porque quebrá-la? Ela que somente te serviu, resguardando a água das impurezas para te saciar a sede, e sempre foi amiga fiel! Mesmo o óleo que nela se encontra, poderá ser útil em alguma lamparina, e como perdeu o ambiente para guardar a pureza da água, servirá agora para resguardar a utilidade do óleo de pedra.
- Gustavo, o ódio e a vingança, na vasilha do coração no seu peito, é como essa cabaça que era para a água e levou óleo. Após muito tempo é que poderá voltar a conduzir a água sem contaminá-la, pois o óleo se esconde nas fibras do ser que o toca. No entanto, se persistirmos no bem, tudo alcançaremos na paz de Deus e do Cristo. Seja corajoso, no tocante ao bem que podes fazer. Queira ser homem não apenas por masculinidade, mas para converter a tristeza em alegria, a guerra em paz e o ódio em amor. Procura mostrar a tua força por todos os meios, no entanto, nunca te esqueças de dominar os teus próprios impulsos de vingança, inveja e descrença.
     (...)
      Francisco foi entrando na mansão, disfarçando a tristeza:
- Boa tarde papai; como vai o senhor?
- Vou bem, filho... Quero muito falar-te. Estou aqui há horas, à tua espera (mentira).
- Desculpa-me papai, não sabia...
- Olha Francisco, não estou compreendendo o modo pelo qual estás te comportando, a tua mudança me estranha. Parece que não te interessa mais o comércio? Viaja por muitos lugares sem que eu saiba o que estás fazendo. Isso me preocupa. Conversas alegremente com os servos, dando bondade e sem cobrar a sua nobreza. Eu tenho grande esperança no teu futuro, e dele não posso descuidar, para que a tua mente não seja deturpada com uma falsa visão da realidade. Cismo com tua frequência junto a servos e filósofos, que amam mais a preguiça do que o trabalho. Como teu pai, ordeno que afaste-se desses imundos. Eles vieram ao mundo para nos servir, meu filho, assim como bois e cavalos. Se te compadeces exageradamente, acabará sendo um deles.
- Francisco, quero também que saibas de uma coisa: não pode doar nada meu sem me consultar antes. Ainda estou vivo, e nesta conduta é bom que lhe aplique também a seus filhos. Herança tamanha como esta é digna de ser guardada. Nós somos donos deste império porque sou vigilante, sei administrar, sei conduzir, e não meço sacrifício para ajuntar. Se um comerciante tiver piedade, e amolecer o coração, o que ele tem desaparece no dia seguinte. A piedade, a caridade, o amor, a paciência, a tolerância e a fraternidade são contrárias as barganhas das coisas. A nossa cartilha de comerciante deve ser outra. Veja que o Cristo não vendeu nem comprou, porque ensinava contrário, e você não vai querer ser um Cristo, vai?
- Eu te dei a melhor das educações, mas não para desperdiçar com Jarla, como se fosse pessoa de sua intimidade. E por cima de tudo ainda trouxe uma serva das terras de Apolo (negra), juntando à nossa família. São estas arestas que precisa aparar na sua conduta. Quero fazer de ti um nobre, e para isso precisa de qualidades!
- Saiba que eu ouvi a sua conversa com aquele miserável capataz. Gustavo vai pagar pela ousadia de desmoralizar-me diante de meu filho, por querer atear fogo em meus bens. Já dei ordens para sumirem com aquele cão, que servirá de exemplo a todos respeitarem minha propriedade!
      Pedro foi se exaltando cada vez mais, pressão subindo, dedo apontando ao nariz de Francisco:
- Meu filho! É bom que aprendas a obediência, sem que eu use de violência; que aprendas o trabalho, do modo que requerem a nobreza, sem que eu te imponha o dever. Que mudes a sua conduta aos servos antes que eu te ensine pela força! ...
      Finalmente Francisco percebeu a oportunidade de falar, e usou de toda a sua poderosa alma evoluída no amor para manter a figura do pai atenta e paralisada no reclinador, sem interrupções:
- Papai, estou encontrando dificuldades para começar a responder-te; não obstante, confio na Providência Divina. Deves saber que não sou mais criança. Sinto a liberdade gritar dentro de mim, impondo-me condições absolutamente certas. Há coisas que ainda não compreendo, porém, o prazer que me assoma valoriza as atitudes que deverei tomar. cada ser humano, tu bem sabes, é um mundo à parte, regido por leis diferentes umas das outras, enraizadas na grande lei de Deus, que é o amor. Estou começando cedo, talvez porque assim queira Deus e por ser o fim da madrugada que anuncia o dia. Sei que vou encontrar dificuldades sem conta, sei que arranjarei muitos inimigos gratuitamente e serei desprezado pela família. Todavia, de uma coisa sei mais que tudo: estarei cumprindo meu dever de consciência e que estou sendo eu mesmo na jornada infinita da criação. Se for preciso dizer-te adeus para cumprir meu dever, eu o farei! Não porque eu queira esquecer-te, mas para cumprir o destino traçado pela Divindade! Para mim são sagrados os laços de família, entretanto, os laços com a Verdade o são muito mais. Acho que o homem nobre, conforme você entende, nem sempre faz o que quer, mas sim a vontade d'Aquele que estás no céu. Neste momento, há de desaparecer pai e filho, para sermos homens.
- Papai, não quero impor-te condições de vida, nem dar-te conselhos acerca da tua conduta, mas não posso aceitar também a tua interferência no modo pelo qual quero viver e me portar. De agora em diante sou Livre! Se queres continuar seu comércio, do modo como a razão te estimula, faze-o. Se não queres ouvir a voz dos sentimentos virtuosos, faze-o. Se queres viver  na opulência, enquanto os teus empregados e servos agonizam, não vou me opor a sua vaidade. Perdoa-me mas não posso calar!. Digo isso para esclarecer-te sobre as leis de Deus; os teus ouvidos estão surdos e teus olhos vendados, escravo de tuas necessidades. Deus é pai de todos, e assim como tu és filho d'Ele, os outros também o são. Não duvido que os servos tenham vindo ao mundo com o compromisso de servir aos senhores, de comerem o pão com o suor do rosto. Contudo os seus donos podem ter um pouco de humanidade com eles, dando-lhes esperanças, algumas folgas para descanso, melhorando o tratamento. Coloquemo-nos em seus lugares e veremos como a atenção e a esperança fazem falta. Neste momento estás tendo a prova. Pressinto que pelo seu querer avançarias contra mim, surrando-me sem piedade. No teu entender sou filho ingrato, que desrespeita o pai, pois tem me amontoado de bens sem fim, e pretende me fazer nobre, mais um na burguesia. Antes de mais nada deve se colocar no lugar de Gustavo, a quem mandou matar sem pensar nas consequências, porque ele não suporta mais as suas maldades. Pretendes com isso tirar o pai de uma família, porque você não tem sentimentos. Os meninos passarão fome, a esposa desorientada talvez enlouqueça e abandone os filhos. Porque? Pela tua prepotência, o teu orgulho ferido e tua vingança!
- Se continuares assim talvez eu não queira mais ser seu filho, porque essa é uma vergonha que quero esquecer. Sou sim, filho de Deus, e quero herdar, mas de Jesus Cristo. Fui à terra de Apolo (Turquia?) para ver com outros olhos. Senti o que aquele povo sente na própria carne. Não pretendo tirar a cruz das costas de ninguém meu pai, mas ajudá-los a carregar. E com muito prazer, isso eu farei em nome de Deus! (...) Queira Deus que estas minhas palavras despertem em seu coração alguma coisa de útil. Não quero que liberte os escravos, ainda, mas os trate com mais humanidade. Minha mãe e Jarla são exemplos de virtudes, porque não lhes dá ouvidos? Seria a luz que espalharia as trevas da ganância que te envolve.
        Pedro Bernardone saindo da paz imposta por Francisco, balançou a cabeça para se livrar da pérola que lhe foi atirada no chiqueiro, e berrou histericamente:
- Cala-te! Cala-te, Francisco! Senão te parto ao meio! E esbofeteou a cara do filho por diversas vezes.

LACORDAIRE
      Venho, meus amigos, trazer o meu auxílio para ajudá-los a caminhar corajosamente na via do aperfeiçoamento em que entraram. Somos devedores uns dos outros e somente pela união sincera e fraternal entre os Espíritos e os Homens é que esse melhoramento será possível.
      O apego aos bens terrenos é um dos maiores obstáculos ao adiantamento moral e espiritual do homem. Pelo desejo de possuírem esses bens, destroem seus sentimentos de afetividade e colocam suas energias inteiramente na conquista das coisas materiais. Sejam sinceros: a riqueza proporciona uma felicidade sem problemas? Quando os cofres estão cheios, não existe sempre um vazio no coração? Será que no fundo dessa cesta de flores não existe sempre um réptil escondido? Deus aprova e considera muito justa a satisfação sentida pelo homem que, através de um trabalho honrado e constante, consegue sua fortuna. Porém, dessa satisfação a um apego que absorva todos os outros sentimentos e provoque a frieza do coração existe uma distância tão grande quanto a que espera a mesquinhez do esbanjamento, dois vícios entre os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude, que ensina o rico a dar sem orgulho para que o pobre receba sem humilhação.
      Quer a riqueza tenha vindo de família, quer tenha sido adquirida pelo trabalho, existe uma coisa que não devem esquecer nunca: tudo o que vem de Deus retorna a Deus. Nada, na Terra, pertence aos homens, nem mesmo o corpo que usam: a morte os liberta do corpo como de todos os bens materiais. Considerem-se como aqueles a quem foi confiado um depósito; por isso, não são proprietários, não se enganem. Deus emprestou a vocês e devem Lhe restituir, pois Ele empresta sob a condição de que pelo menos o supérfluo reverta em favor daqueles que não tem o necessário.
      Quando um amigo empresta um dinheiro, mesmo que vocês não sejam honestos, existirá sempre a obrigação de devolver o empréstimo e ainda ficarem agradecidos. Essa também é a posição de todo homem rico, pois Deus é o amigo Celeste que lhe emprestou a riqueza. Ele não pede nada além de amor e reconhecimento, mas exige que o rico dê aos pobres, que assim como ele, também são Seus filhos.
      Os bens que Deus confia aos homens despertam uma ardente e louca ambição em seus corações. Ao se apegarem loucamente a uma riqueza, tão perecível e passageira quanto o corpo que utilizam, esquecem que um dia terão de prestar contas ao Senhor do Ele lhes emprestou. A riqueza lhes impõe o título de ministros da caridade na Terra, e terão que distribuí-la com inteligência. Quando utilizam a riqueza em benefício próprio, tornam-se iguais àqueles a quem foi confiado um depósito e dele não souberam cuidar. O esquecimento voluntário dos deveres se acabará com a morte, que rasgará o véu debaixo do qual se escondem. Então, terão que prestar contas até mesmo para com aquele amigo esquecido, que um dia os ajudou e que, nesse momento, se apresenta diante de vocês com a autoridade de um juiz.
      É em vão que na Terra procurem se iludir, chamando de virtude o que frequentemente não passa de egoísmo. O que chamam de economia e previdência não passa de pão durismo e ambição vaidosa. O que chamam de generosidade, não passa de esbanjamento em favor próprio. Ao deixar de fazer a caridade, um pai de família economiza, junta ouro sobre ouro e diz que tudo isso é para deixar seus filhos com a maior quantidade de bens possíveis, evitando assim que eles caiam na miséria. É muito justo e paternal e não se pode censurá-lo por isso, mas será esse o único objetivo a orientá-lo? Não estará ele, muitas vezes, se desculpando para com sua própria consciência? Justificando aos próprios olhos e aos olhos do mundo o apego pessoal aos bens terrenos? Admitindo-se que o amor paternal seja seu único propósito, será isso motivo para esquecer seus irmãos perante Deus? Se ele mesmo já tem o supérfluo, deixará seus filhos na miséria, só porque terão um pouco menos desse supérfluo? Não estará ele dando uma lição de egoísmo e endurecendo o coração de seus filhos? Não estará ele desestimulando-os a praticar o amor ao próximo? Pais e mães, vocês cometem um grande erro acreditando que desse modo conseguirão maior afeição de seus filhos. Se eles são ensinados a serem egoístas com os outros, também serão com vocês.
      Quando um homem acumula bens pelo suor de seu trabalho, ouvimos dizer frequentemente:" Quando o dinheiro é ganho com esforço, sabemos lhe dar o valor." Nada pode ser mais verdadeiro. Se esse homem que diz conhecer o valor do dinheiro, fizer a caridade segundo suas possibilidades, terá um mérito muito maior do que aquele que já nasceu rico e desconhece as difíceis fadigas do trabalho. Porém, se esse homem que recorda do esforço e do sofrimento que passou para adquirir sua fortuna, se tornar egoísta, insensível para com os pobres, será bem mais culpado do que aquele que já nasceu rico. Porque, quanto mais cada um conhece por si mesmo as dores ocultas da miséria, mais deve se empenhar em ajudar os outros.
      Infelizmente, o homem de posses sempre carrega consigo um outro sentimento, tão forte quanto o apego à riqueza; é o sentimento do orgulho. É comum ver-se o novo rico importunar o infeliz que implora sua ajuda, com o relato de suas obras e suas habilidades. Em vez de ajudá-lo ainda lhe diz:" Faça como eu fiz". Em sua opinião, a bondade de Deus em nada influi para que ele conquistasse sua riqueza. O mérito cabe somente a ele. Seu orgulho lhe coloca uma venda nos olhos e lhe tapa os ouvidos. Apesar de toda a sua Inteligência e capacidade, não compreende que Deus pode derrubá-lo com uma só palavra.
      Desperdiçar a riqueza não significa desprendimento dos bens terrenos; é, antes, descaso e indiferença, fugir da responsabilidade. O homem, como administrador desses bens, não tem o direito de esbanjá-los ou usá-los em benefício próprio. O gasto irresponsável não é generosidade; é quase sempre uma forma de egoísmo. Aquele que esbanja ouro para satisfazer uma fantasia, talvez não dê um centavo para prestar um auxílio. O desprendimento dos bens terrenos consiste em dar à riqueza o seu verdadeiro valor, em utilizá-la em favor dos outros e não somente em benefício próprio, em não sacrificar por ela os interesses de vida futura. Desprendimento dos bens terrenos também consiste em perder à riqueza sem reclamar, se Deus assim julgar necessário. Se, por uma infelicidade inesperada, ficarem como Jó, digam o mesmo que ele:" Meu Deus, o Senhor me deu, e o Senhor me tirou, que seja feita a Sua vontade."Eis o verdadeiro desprendimento.
      Sejam, antes de tudo, submissos. Tenham fé n'Aquele que, assim como deu e tirou, pode devolver. Resistam com coragem ao abatimento, ao desespero que paralisa as forças. Nunca esqueçam que, ao lado de uma prova difícil, Deus sempre coloca uma consolação. Existem bens infinitamente mais preciosos que os bens da Terra e esse pensamento os ajudará a se desprenderem deles. Quanto menos valor derem a uma determinada coisa, menos sensíveis ficarão em relação à sua perda. O homem que se apega aos bens da Terra é como uma criança que apenas vê o momento presente. Aquele que não se apega aos bens terrenos é como o adulto, que vê somente as coisas mais importantes, pois compreende as palavras proféticas do Salvador:" O Meu Reino não é deste mundo."
      O Senhor não solicita a ninguém para que se desfaça daquilo que possui e se torne mendigo voluntário porque, nesse caso, essa pessoa seria uma carga a mais para a sociedade. Agir desse modo é compreender mal o ensinamento do desprendimento dos bens terrenos. É, antes, outro tipo de egoísmo, pois esta pessoa estará fugindo à responsabilidade que a riqueza faz pesar sobre os ombros de quem a possui. Deus dá a riqueza a quem Lhe parece ser bom para administrá-la em benefício de todos. O rico tem, portanto, uma missão que ele pode tornar bela e proveitosa para si mesmo. Rejeitar a riqueza quando é dada por Deus, é renunciar ao bem que se pode fazer administrando-a com sabedoria. Saber viver sem a riqueza quando não a temos, saber empregá-la utilmente quando a possuímos e saber sacrificá-la quando for necessário é agir de acordo com a vontade do Senhor. Aqueles que recebem uma boa fortuna devem dizer:" Meu Deus, o Senhor me enviou uma nova tarefa, me envia também as forças para desempenhá-la segundo a Sua santa vontade".
      Eis, meus amigos, o que eu queria ensinar quanto ao desprendimento dos bens terrenos, e resumirei dizendo: Aprendam a se contentar com pouco. Se forem pobres, não invejem os ricos, pois a riqueza não é necessária para a felicidade. Se forem ricos, não esqueçam que seus bens lhe foram confiados e que terão de justificar o emprego que fizeram deles, como quem presta contas sobre um empréstimo recebido. Não façam como aquele a quem foi confiado um depósito e dele não soube cuidar, fazendo com que servisse apenas para a satisfação do orgulho e da sensualidade. Não se julguem com o direito de aproveitar, somente em benefício próprio, a riqueza recebida: ela não lhes foi dada e sim emprestada. se não sabem fazer com que ela frutifique, não tem o direito de pedir. Lembrem-se de que aquele que dá aos pobres salda a dívida que contraiu com Deus.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Evangelho Espírita 17-20

CAP 17 SEJAM PERFEITOS

(Mateus 5:44) Jesus subiu a montanha para ensinar a seus discípulos como deveriam se comportar enquanto Cristãos, reformando os antigos hábitos judeus. "Amem os inimigos, façam o bem para aqueles que os odeiam, e orem por aqueles que perseguem e caluniam vocês. Assim, serão filhos de seu Pai que está nos Céus, e que faz nascer o sol sobre os bons e os maus, e faz chover sobre os justos e os injustos. Pois se amarem apenas aqueles que amam vocês, que recompensa terão? Os publicanos também não fazem o mesmo? E se saudarem apenas os irmãos mais próximos, o que fazem mais do que os outros? Os pagãos também não fazem o mesmo? Sejam, pois, perfeitos, como seu Pai Celestial é perfeito."

Jesus pede que os discípulos sejam esforçados em atingir a perfeição, pois serviriam de exemplo a todos nós. Ninguém é perfeito, pois se fosse, não estaria aqui na Terra limitado pela matéria sólida e, como o Reino dos Céus para nós é invisível e os anjos são inaudíveis para nós, a alma perfeita ficaria então sozinha e isolada, o que nunca acontece. São Francisco de Assis era perfeito como João Evangelista, e veio a Terra com 200 ajudantes elevados para se corrigir os rumos destrutivos da igreja de Pedro, em guerra com os irmãos otomanos da fé de Maomé. São muitos os caminhos que levam ao Pai, e somos todos irmãos, e como Jesus disse, se até os pagãos se dão ao respeito de Deus, porque não os filhos da Santa igreja?

Novamente temos então a Caridade lutando para eliminar o egoísmo e o orgulho do coração dos homens. Também é uma forma de caridade quando nós Cristãos respeitamos o orgulho do irmão em não ser um Cristão. Devemos respeitar nossos irmãos Judeus, orgulhosos de Davi e Moisés, irmãos Islâmicos, orgulhosos em Maomé, porque nós também às vezes exageramos em nossas conversas e nos tornamos nós mesmos orgulhosos em Cristo. Foi exatamente o que Jesus pediu que não fizéssemos, que não partíssemos em uma Guerra Evangelizadora maluca e violenta, mas que estendêssemos a mão amiga para aqueles que se perderam do seu caminho, seja lá qual for. Ao judeu, devemos nossos maiores respeitos. Aos Islâmicos devemos nossos maiores respeitos. A todos os outros cultos também devemos respeito. A quem nos interessa ajudar são os pagãos, que tem a fé fraca e se perde no materialismo que envenena a alma e alimenta as vaidades.

Quando todas as religiões abandonarem os seus Dogmas, quando todos os religiosos abandonarem seus orgulhos de coração, quando todos estiverem com suas mentes voltadas somente a Deus e a mais ninguém, Todas as religiões desaparecerão, e restará apenas uma, o Reino de Deus, onde todos nós que formos dignos de Caridade e humildade nos encontraremos, e onde não entram os orgulhosos e vaidosos, para não destruir o ambiente de harmonia e paz. No coração orgulhoso nunca existe paz, pois o orgulho se fere facilmente, como um pequeno morango atacado por fungos do solo úmido. O coração humilde livre de vaidade nunca se ofende, pois Jesus ensina a darmos a outra face. Sem ofensa não existe guerra, nem discórdia, apenas perdão.

O HOMEM DE BEM

O homem de bem é todo aquele que escuta sua consciência, se põe no lugar do próximo sem julgar seus motivos, perdoa as ofensas pois os humildes nunca se ofendem, faz a caridade a todos sem exigir recompensa, utiliza suas riquezas para o bem de todos antes de si mesmo e ama a Deus acima de todas as coisas. Percebam que a descrição de homem de bem não cita nenhum profeta, nenhum santo ou anjo. AMAI A DEUS ACIMA DE TODAS AS COISAS, por isso nenhuma religião é mais santa que a outra, são apenas caminhos filosóficos para ensinar a alma a como proceder para entrar no Reino de Deus. Algumas religiões se desviam do caminho? Com certeza todas. Por isso Deus nos deu a consciência, para nos arrependermos dos pecados, e nos deu o livre-arbítrio, pois apesar de escravos na carne, nossa vontade é livre e devemos obediência apenas a Deus. Se um servo desobedecer a ordem do mestre que queria praticar a maldade contra um inocente, o servo será punido e talvez morto, mas com certeza não carregará o pecado consigo.

Começando pela consciência, o homem de bem perdoa seus inimigos. Então temos milhões de exemplos de homens maus que mataram seus inimigos. Nenhum assassino será considerado homem de bem, nem mesmo os heróis. A vida é um empréstimo, é um presente temporário de Deus para que a alma possa ter contato com a matéria e sofrer necessidades físicas, como comer, beber, manter a temperatura, a saúde, se vestir e morar com dignidade. Os conflitos materiais entre inimigos são prova das imperfeições dos dois e de seu desapego a Deus. Assim Deus permite que sofremos nossos próprios erros e busquemos a felicidade na paz e no perdão.

O homem de bem não julga se seu irmão é certo ou errado, se é melhor ou pior. O homem de bem perdoa os pecados inocentes que lhe são cometidos, e reza para que Deus ilumine os seus perseguidores. Quando um homem é perseguido, mas depois pega em armas e se vinga, na verdade ele se rebaixou ao pecado da perseguição e perdeu sua condição de vítima. Com o Perdão da minha palavra, O estado de Israel foi vítima dos esquadrões da morte de 1950-70, que mataram centenas de milhares de palestinos, descendentes inocentes do império Otomano. A idéia de um Estado Judeu, apesar de ser um conceito falho pois que todos os homens são iguais e todos os irmãos, filhos do Pai único, podem viver em qualquer lugar a qualquer hora, teria sido abençoado se tivesse nascido da Paz. Mas tudo que nasce na guerra banhado em sangue, não vem de Deus e portanto não pode ser considerado sagrado. Apesar disso, devemos respeitar a política dos homens, como eu disse, sempre mantendo a paz e perdoando.

Ainda comentando sobre o Estado de Israel, nascido no pecado do sangue, mas está se regenerando a cada dia que passa pois promove a Caridade. O Estado de Israel é caridoso ao permitir que não judeus trabalhem em suas terras, pois assim as famílias podem existir com dignidade. Quanto mais Israel faz caridade, mais dignidade conquista aos olhos do mundo e de Deus. Assim é o homem bom, assim como Israel, se arrepende dos pecados do passado e procura sempre se renovar nas virtudes Divinas, do amor, da caridade, da humildade, do perdão. Quando essa caridade for perfeita, e quando todo o orgulho for eliminado da Terra Santa, Israel será perfeito e perdoado.

Os terroristas que pegaram em armas e mancharam o sagrado nome de Israel, durante o pós guerra em 1950, assim como os terroristas que pertencem a radicais do Islã e mancham de sangue o sagrado nome de Maomé, assim como os terroristas cruzados de 1180dc que mancharam de sangue o sagrado nome do Cristo, eram orgulhosos assassinos em nome de Deus. Isso não é amar a Deus acima de todas as coisas. Pelo contrário, isso é odiar toda a criação de Deus, todos os irmãos que Deus fez diferentes dos terroristas, odiar com orgulho de ser diferente aqueles que são humildes e que não tiveram a chance do perdão. Esses terroristas às vezes se tornam políticos, líderes de um povo, até mesmo são enterrados com honras como se fossem heróis. Deus, que tudo sabe e tudo vê, perdoa os inocentes que foram enganados por esses falsos profetas do apocalipse, mas não pode perdoar nenhum pecado que foge das Suas Leis do Amor. Os pecadores malignos nos incentivam a pecar junto com eles, e cabe ao nosso entendimento das Leis de Deus e nosso amor a Ele, permanecer no caminho da humildade e caridade, pois quando nos desviamos não temos ninguém a culpar além de nós mesmos.

OS BONS ESPÍRITAS

A maior característica do Espírita é o desprendimento material, pois ele sabe que dessa vida não levaremos nenhum sólido, apenas virtudes da alma. Isso causa estranheza e medo nos ignorantes corações dos materialistas. É nosso dever Cristão não revidar aos ataques da ignorância, não evangelizar forçadamente e não cair na tentação de sentir dó e pena, pois são manifestações de orgulho. Na verdade, o Espiritismo acaba sendo vítima do segredo, assim como Jesus ensinou a fazer a caridade em segredo, nós Espíritas somos uma comunidade discreta, sem templos luxuosos, sem pregações em público. Os materialistas procuram nos ofender de bruxos e dizem que Allan Kardec foi o Diabo. Jesus nos ensina a dar a outra face, não revidar, nem mesmo para esclarecer a mentira que os materialistas usam para controlar a ignorância de seus rebanhos. Estendemos nossas mãos de braços abertos às almas curiosas e às desiludidas em falsas filosofias, sentindo prazer em nossa humildade.

Alguns Espíritas podem sentir um pouco de tristeza por toda a maldade que Deus permite no mundo, mas na verdade não devemos ser egoístas a ponto de salvar as almas da ignorância sem que elas tenham mérito para isso. O conhecimento fácil sem mérito da conquista não é absorvido pela alma, pois a alma está na Terra para sentir, ouvir, ver, experiências reais, além do que um livro pode oferecer. Devemos tomar um especial cuidado com nossos filhos, e não superproteger demais, e não ensinar além do que eles tem capacidade de assimilar. Aos filhos rebeldes e fisicamente ativos, que sejam permitidas sua experiências. Aos filhos sedentários que seja oferecida a natureza, e a vontade de viver fora dos livros. Quando a alma tiver sede de conhecimento, deixe que ela mesma procure por ele, pois quem não tem sede e é despejada água em sua boca, pode se afogar. Deixe um livro fechado sobre a mesa. Não diga nada. Um dia, quando seu filho estiver pronto, ele começará a folhear o livro escondido, e o dia que você o surpreender lendo escondido, agradeça por ele ter tido essa coragem e o abrace.

O Espírita pode também sentir muita culpa pelos pecados passados, mas saiba que pecados iguais tem diferentes pesos na Balança de Deus. Aos inocentes ignorantes é dado muito mais perdão do que aos sábios, que justificarem seus pecados com orgulho. Portanto, não devemos nos martirizar por nosso passado nebuloso na ignorância, e sim termos gratidão porque Deus nos permitiu ver a luz, e sempre cuidou de nós até que chegássemos a esse ponto evolutivo.

O Espírita mais evoluído chama muita atenção para si mesmo, pois suas atitudes são muito mais acertadas na Lei de Deus, às vezes provocando ira, inveja e malícia orgulhosa nos corações materialistas. Devemos tomar cuidado, porque nenhum de nós é um profeta ou apóstolo, e portanto devemos nos permitir algum disfarce, na humildade dos ignorantes, para que nossa luz não ofusque os olhos que não podem ver. Quando um ignorante disser uma bobagem, evitemos corrigi-lo em público, pois estaremos ofendendo seu orgulho e conquistando um inimigo pela nossa falta de cuidado, assim como encher o vaso de adubo pode matar a delicada jovem muda de flor.

Devemos viver intensamente essa oportuna caridade que Deus nos faz, praticando a caridade e a humildade todos os dias até que elas estejam gravadas tão fundo dentro de nossas almas que o processo se torne até natural e mecanizado. Quando o pensamento fica livre do julgamento, quando sabemos que somos mais virtuosos e que o pecado está morto no coração, então estaremos realmente iluminados para pedir ao Pai que nos perdoe e nos conceda a vida eterna, se for a vontade d'Ele. Que assim seja, feita sempre a vontade de Deus.

PARÁBOLA DO SEMEADOR

MENSAGEM DOS ESPÍRITOS

CAP18 MUITOS SÃO CHAMADOS E POUCOS ESCOLHIDOS

Parábola da festa das núpcias (Mateus 22:1)
     Jesus disse:" O Reino dos Céus é semelhante a um rei, que querendo fazer uma festa para o casamento de seu filho, enviou seus servidores para que chamassem os convidados para as bodas, mas eles se recusaram a vir. O rei então enviou outros servidores, com o seguinte recado aos convidados:" Digam a eles que já preparei meu banquete, mandei matar meus melhores bois e tudo já está pronto, digam a eles que venham para as festividades". Porém os convidados desprezaram novamente o convite, e foram uns para a casa de campo e outros para os negócios. Outros até insultaram e mataram os servidores do rei. Então o rei ficou muito furioso e enviou seus soldados para matar os assassinos e queimar suas cidades.
      Então o rei disse aos seus servidores:" As festividades estão prontas, mas os convidados originais não eram dignos. Vão para toda a parte e tragam todos que encontrarem". Os servidores do rei foram às ruas e trouxeram todos, bons e maus, e a sala de núpcias ficou lotada. O rei desceu do trono para ver o salão de perto e percebeu um homem nú sem sua roupa nupcial. "Meu amigo, como entrou aqui sem ter a roupa nupcial?" E o homem permaneceu em silêncio. Então o rei ordena:" Atem as mãos e os pés e lancem esse homem nas trevas, onde haverá prantos e dentes quebrados, pois muitos são os chamados e poucos os escolhidos."

Essa parábola assusta e confunde os materialistas, pois eles erroneamente acreditam que devem ter boa aparência para entrar no salão de Deus. A túnica, ou roupa nupcial, era um hábito dos reis Hebreus em distribuir a roupa apropriada para os convidados da festa, de graça. Portanto, Jesus não insinuava que deveria se comprar a beleza do corpo, mas sim é uma ilustração para as almas que se vestem de belas virtudes caridosas, enquanto que os orgulhosos egoístas andam nus e deformados. Os primeiros convidados foram os politeístas, que adoravam ídolos de barro, ouro, ou como os gregos, atribuíam mitologia aos Deuses. Os segundos convidados eram os Hebreus de Moisés que fizeram um ídolo de ouro em forma de ovelha e o idolatravam. Essa parábola de certa forma nos conta também como a raça humana em geral é orgulhosa e não se submete facilmente à Vontade de Deus, mais um motivo para sermos caridosos com nossos irmãos ainda em rebeldia.

(Mateus 7:15)" Cuidado com os falsos profetas, que virão até vocês em roupas de cordeiro mas em essência são lobos selvagens. Vocês o reconhecerão pelos seus feitos. Pode uma deliciosa Uva nascer de um arbusto espinheiro? Uma boa árvore rende bons frutos, e um arbusto podre rende maus frutos. "
"Nem todos os que louvam ao Senhor entrarão no Reino dos Céus. Apenas aqueles que fizerem a vontade de Meu Pai que está nos Céus. Muitos vão dizer:" Louvado seja Senhor, profetizamos em seu nome! Expulsamos os Demônios e fizemos milagres em seu Nome! " e então Eu direi a eles:" Afastem-se de Mim, todos vocês que cometem atos de calúnia."

Todo discípulo de Cristo deve se perguntar :eu estou livre da ambição, do dinheiro, do orgulho, das vaidades e das falsas promessas? Será que minhas orações me torna mais tolerante, mais caridoso, mais amigo de meus irmãos, TODOS os meus irmãos, crentes e pagãos por igual? Será que eu sou um exemplo de virtude ou estou escondendo meus pecados embaixo da roupa de cordeiro? Se Deus pode falar ao falso profeta, então ele pode falar com qualquer pessoa, porque DEUS NOS FEZ IGUAIS em toda a criação. E os lobos que seduzem os ignorantes com suas doces palavras e dizem que são eles os únicos a falarem com Deus, não serão aceitos no Reino dos Céus. E suas ignorantes ovelhas serão perdoadas porém mandadas de volta a Terra para mais uma vivência sofrida, até que se vença a ignorância do orgulho e da vaidade.

A QUEM MUITO FOI DADO MUITO SERÁ PEDIDO

(Mateus 7:3) "Veem o cisco que está no olho do próximo mas não veem a trave que está no seu".
(Marcos 4:24) "Prestem atenção ao que vão ouvir - vocês serão medidos com a mesma medida que usarem para medir os outros e ainda lhes será acrescido um pouco mais. Porque aqueles que tem(virtudes), receberão ainda mais e aqueles que não tem,  até mesmo o pouco que possuem lhes será tirado".
(Lucas 12:47)" O servidor que conhece a vontade do seu Senhor, e não fez o que lhe foi pedido, será punido com muito mais rigor. Aquele que não conhece a vontade do seu Senhor e fez coisas dignas de castigo, será punido com menos rigor. Aquele a quem muito foi dado, muito será pedido e cobrado. Uma grande prestação de contas será exigida daquele a quem muitas coisas foram confiadas."
(João, 9:31)"Eu vim a este mundo para fazer um julgamento, a fim de que aqueles que não enxergam as verdades que foram ensinadas passem a enxergá-las. E aqueles que já as enxergam se tornem cegos para as coisas que atrapalham seu progresso." Alguns fariseus que ouviram perguntaram:" Por acaso nós também, senhores das Leis, somos cegos?" e Jesus disse:"Se vocês fossem cegos, não teriam pecados. Porém agora estão me dizendo que enxergam as Leis de Deus. E ainda assim não a praticam. É por isso que o pecado permanece em vocês."
(Mateus 13:10)" Aos Meus discípulos foi permitido conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas aos outros não. Porque aquele que já tem conhecimento, que já trabalhou, e produziu boas obras, será recompensado. Aquele que não aprendeu, não trabalhou, não se interessou, será retirado o pouco que tem. É por isso que falo por parábolas, porque ao ver nada enxergam, e ao ouvir nada compreendem."

CAP19 A FÉ QUE TRANSPORTA MONTANHAS

Tenha fé. Como? Jesus disse:" Aquele que tiver a fé do tamanho de um grão de mostarda, será capaz de transportar uma montanha." Significa que todos os problemas dessa vida tem solução quando nosso coração acredita e visualiza o problema sendo resolvido. Essa é a verdadeira fé, não nos dogmas, mas na resolução dos problemas. O contrário, a falta de fé, traz desespero e aflição. Aquele que sobe o Everest, a montanha mais alta do mundo, primeiro se imagina no topo. Depois se imagina sem ar para respirar, e então coloca na sua mochila o tanque de O2. Então se imagina com muito frio, e coloca na mochila as roupas de frio. Depois imagina que demorará muitos dias de caminhada, então coloca em sua mochila muitas latas de comida. Depois imagina que as noites serão escuras, e leva uma lanterna. Depois imagina que o vento será forte, e leva a sua melhor barraca. Depois imagina que precisará se apoiar nas pedras, e então leva a picareta de alpinista. Então imagina que junto de amigos seja mais fácil do que sozinho, e traz a corda para se amarrarem uns aos outros. Imagina que podem haver imprevistos, e leva o rádio. A pessoa sem fé é como eu e você, seria loucura e suicídio tentar escalar a montanha. Mas quem tem fé é o alpinista preparado, que tem tudo previsto em sua mochila e a ele nada faltará.

Deus, que tudo nos fornece de bênçãos para vencer os problemas da vida, nos trouxe Jesus para nos ajudar a organizar a mochila que a humanidade carregava, e acrescentar algumas pequenas mostardas que fazem toda a diferença. O nome dessa mochila é o Evangelho, e mesmo os povos que não tiveram acesso ao evangelho, tem características próximas das nossas porque Deus se fez presente a todos da Terra, por vários meios de comunicação disponíveis. Aos indígenas que não sabiam ler e escrever, Deus se fazia presente no transe das ervas do pagé (ou curandeiro), o líder espiritual dos indígenas. Aos povos guerreiros, Deus inspirava catástrofes naturais onde suas mentes violentas pudessem testemunhar as virtudes Divinas. Todos nós temos essa fé dentro de nós, basta organizar a bagunça, deixar os dogmas pesados em casa, pois que não serão úteis, e levar o necessário para nossa montanha.

Eu posso ter dito dogmas de forma bem humorada mas minhas intenções são das mais sérias. Os dogmas tem apenas um propósito nefasto das Trevas: Tornar o povo submisso e obediente às leis dos homens que não vêm de Deus, e assim separar os homens em pequenos grupos fracos e inimigos, para que as Trevas reinem soberanas no caos. Se todas as religiões pudessem abandonar seus dogmas todos de uma vez, as trevas perderiam a maior parte de sua influência sobre a Humanidade. Tudo, desde o dinheiro, a política, os esportes de competição, os territórios de riquezas minerais, irmãos contra irmãos, gera o caos maligno que sustenta as Trevas neste planeta. A fé, que vai solucionar todos os problemas da Terra de uma só vez, é o perdão. Quando todos os irmãos se abraçarem em um perdão coletivo, O Reino dos Céus abrirá suas portas na Terra, e estaremos livres de todos os pecados.

Quando formos fazer uma caridade, imagine o que seu irmão fará com o dinheiro. Ele irá cair no vício? Irá comprar um alimento? É por isso que não encorajamos as doações de dinheiro. O dinheiro é melhor empregado quando investido em um projeto social, pois assim como uma pequena semente gera muitas caixas de maçãs, um investimento em projeto social gera milhares de caridades para muitos irmãos necessitados, mas sem lhes tirar o mérito do aprendizado e do trabalho. E melhor ainda do que investir o dinheiro, é investir o seu tempo ocioso para ajudar a quem necessita de um pouco de atenção, e talvez essa pessoa humilde passando necessidade nas ruas tenha um bom desenvolvimento intelectual, mas não encontra uma alma disposta a uma conversa de nível elevado. As mensagens de fé e esperança são como a preciosa água com que regamos nossos vasos de flores diariamente, pois assim não secarão.

JOSÉ, ESPÍRITO PROTETOR DE BORDEAUX
      A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa, não deve ficar adormecida. A fé é a mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus e deve estar sempre atenta para que essas virtudes se desenvolvam.
      A esperança e a caridade são as consequências da fé. Essas três virtudes formam um trio inseparável. Não é a fé que dá a esperança de se ver cumprir as promessas do Senhor? Pois, se não há fé, que esperança ter? Não é a fé que dá o amor? E se não há fé, que amor se pode ter? E que amor será esse?
      A fé é a divina inspiração de Deus que desperta todos os nobres sentimento que conduzem o homem para a prática do bem, tornando-se a base de sua renovação. Porém, é necessário que essa base seja forte e durável, pois se alguma dúvida abalar esse alicerce, o que será do edifício construido sobre ele? Construam esse edifício sobre fundações sólidas e que a fé de vocês seja mais forte que a zombaria dos incrédulos, pois a fé que não encara a zombaria dos homens não é a verdadeira fé.
      A fé sincera é atraente, contagiante e envolve até mesmo aqueles que não a possuem, como também aqueles que não fazem questão de possuí-la. A fé sincera encontra as palavras certas para tocar a alma, enquanto que a fé aparente, apesar de usar palavras harmoniosas, deixa àqueles que as escutam frios e indiferentes. Preguem através do exemplo, para transmitir aos homens a fé que possuem. Preguem pelo exemplo das boas obras, para que eles vejam o mérito da fé. Preguem através da esperança inabalável, para que os homens percebam a confiança que fortifica e ainda estimula a enfrentar as contrariedades da vida.
      Tenham, portanto, a verdadeira fé, na plenitude da sua beleza, da sua bondade, da sua pureza e da sua racionalidade. Não aceitem a fé sem comprovação, pois ela é a filha cega da ignorância. Amem a Deus, mas saibam por que O amam. Acreditem em Sua promessas, mas saibam por que acreditam nelas. Sigam os nossos conselhos, mas sejam conscientes do objetivo que apontamos e dos meios que indicamos para atingí-los. Acreditem e esperem sem nunca fraquejar, pois os milagres são produzidos pela fé.

CAP20 OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA

(Mateus 20:1) O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para sua vinha. Depois de acertar com os trabalhadores o pagamento de uma moeda por um dia de trabalho, enviou-os para sua vinha. Saiu novamente à terceira hora do dia, e encontrando na praça outros trabalhadores que estavam sem fazer nada, disse-lhes:" Vão vocês também trabalhar na minha vinha e eu lhes pagarei o que for razoável." e eles foram. Saiu ainda na sexta e na nona hora do dia e fez a mesma coisa. E saindo na décima primeira hora encontrou outros trabalhadores que também estavam desocupados e perguntou:" Por que vocês ficam aí todo o dia sem fazer nada?" "Foi porque ninguém deu trabalho." disseram eles. Então o pai de família disse:"Vão também trabalhar na minha vinha", e eles foram.
      Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse ao seu administrador:" Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, porém inicia o pagamento pelos últimos que chegaram para só depois pagar os primeiros." Aproximaram-se então os trabalhadores que chegaram à vinha apenas na décima primeira hora e receberam uma moeda cada um. Ao chegarem os primeiros trabalhadores contratados, pensaram que iriam ganhar mais, porém eles também receberam uma moeda cada um. Ao recebê-la, queixaram-se do pai de família dizendo:" Os últimos trabalharam apenas uma hora, e receberam tanto quanto nós que suportamos o peso do dia e do calor." E o senhor respondeu a um dele:" Meu amigo, não cometi nenhuma injustiça com você, não combinamos que eu iria pagar uma moeda por sua jornada de trabalho? Pega o que lhe pertence e vai. Quanto a mim, quero dar a esse último tanto quanto dei a você. Será que não me é permitido fazer o que quero com o meu dinheiro? E o seu olho é mau só porque eu sou bom?"

O evangelho não comenta sobre essa parábola, portanto a opinião a seguir é pessoal minha. Do ponto de vista material, houve um desequilíbrio pois o valor da hora trabalhada foi menor para quem trabalhou mais. Mas como foi repetido diversas vezes neste evangelho que Deus não pensa de forma materialista e monetária, devemos interpretar as moedas como virtudes, e o trabalhador como uma pessoa humilde, e o pai de família é Deus. O trabalhador que sofreu mais no calor e carregou uma maior quantidade de uvas pensava estar recebendo mais direito a recompensa por suas virtudes, mas como Deus havia combinado, colher uvas, seja 1 ou sejam milhares, é apenas uma das virtudes que o trabalhador pode fazer. Portanto, não pensando em quantidade mas sim em qualidade, todos os trabalhadores cumpriram suas tarefas. Essa é a Justiça de Deus, onde Ele mesmo assume a Sua responsabilidade em revelar as verdades para as almas no tempo certo, quando elas se encontram preparadas para receber esta responsabilidade. Se Deus saiu às ruas e encontrou os trabalhadores da primeira hora prontos, então estes devem trabalhar. Se Deus saiu na última hora e encontrou trabalhadores prontos, então devem iniciar os trabalhos igualmente. Se os trabalhadores não estavam prontos antes da última hora, não significa que tenham menos virtudes que os primeiros. Essa é a Justiça Divina.

CONSTANTINO, ESPÍRITO PROTETOR BORDEAUX
      O trabalhador de última hora tem direito ao salário; para isso é preciso que sua boa vontade permaneça à disposição do senhor que vai lhe oferecer o emprego e que esse atraso não seja fruto de sua preguiça ou má vontade. Ele tem direito à salário porque, desde o amanhecer, esperava impaciente aquele que o chamaria para trabalhar. Era trabalhador, apenas lhe faltava o trabalho.
      Porém, se ele tivesse recusado o trabalho a qualquer hora do dia, e dissesse: "Tenham paciência! O repouso me faz bem. Quando chegar a última hora será o momento de pensar no salário do dia. Que me importa trabalhar para um senhor que não conheço nem estimo! Quanto mais tarde, melhor!". Esse, meus amigos, não receberia o salário do trabalhador e sim o da preguiça.
      E o que será daquele que, em vez de permanecer ocioso, empregar as horas destinadas ao trabalho para praticar a delinquência? Insultar Deus com palavras ultrajantes? Derramar o sangue dos seus irmãos? Lançar a desarmonia entre as famílias? Arruinar homens de boa fé? Abusar da inocência? Enfim, praticar todas as maldades humanas? O que será dele? Será suficiente dizer na última hora:" Senhor, utilizei mal meu tempo, não quer me empregar até o fim do dia para que eu faça, pelo menos, um pouco da minha tarefa e assim me pagar o salário do trabalhador de boa vontade?" Não. O Senhor lhe dirá:" Não tenho nenhum trabalho para você no momento. Desperdiçou seu tempo, esqueceu o que havia aprendido e não sabe mais trabalhar na Minha vinha. Você deve recomeçar a sua aprendizagem e, quando estiver mais disposto, venha Me procurar e Eu lhe abrirei Meu vasto campo onde poderá trabalhar a qualquer hora do dia".
      Bons Espíritas, meus bem-amados, todos vocês são trabalhadores da última hora. Pode sentir-se bem orgulhoso o homem que disser:" Comecei meu trabalho ao alvorecer do dia e só terminei ao anoitecer." Todos vocês vieram quando foram chamados, uns mais cedo, outros mais tarde, para a reencarnação que agora estão vivendo. Porém, há quantos séculos o Senhor os está chamando para trabalhar em Sua vinha, sem que aceitem o convite! É chegado o momento de receber o salário, empreguem bem esta hora que resta e nunca esqueçam que a existência, por mais longa que possa parecer, não passa de um momento muito breve na imensidade dos tempos que formam para vocês a eternidade.

Evangelho Espírita cap 21-26

CAP21 HAVERÁ FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS

(Lucas 6:43)" A árvore que produz maus frutos não é boa, e a árvore que produz bons frutos não é má. Assim, cada árvore é conhecida pelo fruto que produz. Não se colhem figos dos espinheiros e nem cachos de uvas dos abrolhos. O homem de bem tira coisas boas do seu coração e o homem mau tira coisas ruins do seu coração, pois a boca fala daquilo que o coração está cheio."
(Mateus 7:15)"Jesus disse:"Guardem-se dos falsos profetas que por fora se disfarçam de ovelhas e que por dentro são lobos que roubam.Vocês os reconhecerão por seus atos. Por acaso se pode colher uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore que é boa produz bons frutos, e toda árvore que é má produz maus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos ruins, e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Vocês a reconhecerão pelos seus frutos."
(Mateus 24:4 e Marcos 13:5)"Jesus disse:"Tomem cuidado para não serem enganados, pois vários virão em Meu nome dizendo:" Sou o Cristo" e enganarão muita gente. Vários falsos profetas se levantarão e enganarão muitas pessoas, e a caridade em muitos se esfriará, porque a injustiça se multiplicará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo."Então se alguém disser:" O Cristo está aqui, ou está ali", não acreditem, pois irão se levantar falsos cristos e falsos profetas que farão grandes prodígios e coisas espantosas, a ponto de enganar, se fosse possível, até mesmo os escolhidos."

MISSÃO DOS PROFETAS

As religiões antigas "confundiam", quero dizer que tratavam com o mesmo propósito, oráculos e profetas. No sentido evangélico, os profetas não previam o Futuro, com a exceção de João Evangelhista que previu o apocalipse por misericórdia divina. Os profetas recebiam de Deus as palavras que guiariam seu povo. Aqui que mora o perigo que a Bíblia tanto nos avisa. Os profetas são almas elevadas enviadas por Deus com uma missão a cumprir na Terra, mas os Lobos, os ladrões, os corruptos, se fazem de profetas para arrebanhar suas vítimas e serem protegidos por elas. Jesus avisou a todos que a árvore do mal dará maus frutos. O falso Profeta, tem atitudes falsas, ou seja, ele não é humilde, não é caridoso, não é tolerante com os pagãos, invoca o nome de Deus em vão como diz o segundo mandamento, onde você somente fará a oração a Deus quando houver uma necessidade real e imediata por atenção. O oitavo mandamento também é descumprido, pois não fará falsos testemunhos contra seus irmãos, incitando o desprezo e o ódio aos pagãos. Não somente as seitas pastorais cometem tais pecados, mas na época das Cruzadas a igreja Católica também foi vítima dos lobos das trevas. Aquele que não aprender com a história está condenado a repetir os erros do passado novamente.

Não podemos esquecer nunca que os Profetas são também humanos como nós, e tem defeitos como nós, e pecam como nós. Vamos seguir nossas próprias palavras e partir de Moisés, o Primeiro profeta que nos deu os dez mandamentos. Ele foi o chefe de uma das 10 tribos de Abraão, que eram 10 povos judeus, com o perdão da simplificação, para facilitar o entendimento. Moisés era um líder, político e espiritual enviado por Deus por ser mais virtuoso que seu povo. Naquela época os judeus eram muito diferentes dos de hoje, pois no início éramos todos pagãos, e as leis dos homens seriam consideradas absurdos hoje em dia. Então Deus deu os dez mandamentos aquele povo, para que se livrassem dos pecados da carne e pudessem construir as virtudes do bem em suas almas. Mas, na ausência de Moisés, aquele povo festeiro e ignorante construiu uma ovelha de ouro para idolatrar como seu deus. Moisés ficou furioso, e o resto da história está no evangelho. Onde está o pecado de Moisés? Para defender a sua tribo contra os pagãos, foi necessário um pouco de isolamento. Então apesar de Moisés pregar o respeito a todos, também pregava que eles eram o povo escolhido por Deus (orgulho) para serem edificados no bem, sugerindo que os pagãos não eram dignos de caridade. Foi uma falta necessária, e Deus provou que os rumos que a história tomou para que estivéssemos aqui hoje pagaram seu preço.

Próximo profeta relevante a essa argumentação seria João Batista, primo de Jesus que lhe batizou. Jesus defendia muito seu primo porque era um profeta mais "brando", mais tolerante e mais carinhoso que Moisés, e pregava reformas no judaísmo arcaico. Os judeus modernos devem sua elevada compreensão das Leis de Deus a João Batista. Jesus em si foi o último dos profetas da "Anunciação", ou seja, que veio trazer a Lei de Deus ao Mundo. Na verdade, Jesus não acrescentou mandamentos na Lei, apenas nos ensinou a cumprir as Leis de Deus, acima das leis dos homens. O termo advogado, que usamos hoje apenas nas leis dos Homens, era na antiguidade conhecido como "Doutor da Lei", um termo inventado pelos Fariseus. Os Fariseus eram um povo materialista, muito ricos, e que defendiam sua riqueza distorcendo as palavras de Deus, usando a Lei de Deus como lhe fosse conveniente. Jesus veio combater essa conveniência. As Leis de Deus servem ao contrário do dinheiro, para você ser caridoso, e não rico. A riqueza não é proibida por Deus, mas o egoísmo sim. Ser rico, mas útil para seus irmãos é uma grande bênção, mas ser rico "explorando" seus irmãos e escravizando suas vontades, é pecado.

A partir de Jesus, Todas as Leis de Deus JÁ FORAM ANUNCIADAS, por tanto, nada nos resta mais para aprender, devemos fazer cumprir. Isso prova por si só que todos os profetas de hoje que dizem ter algo a ensinar são falsos, e eu corro um grande risco nessa afirmação de eu mesmo estar profetizando falsamente. Eu trabalho com o objetivo de atualizar o evangelho para a nossa realidade do século 21, fazendo-se aplicar as Leis de Deus em meio aos materialistas e aos cordeiros de ouro pastorados por lobos. Se existe algum pecado nestas palavras, é falha de meu próprio coração, que o seu amor identificou e te avisou para não contaminar a sua razão, seu raciocínio. Que não se perca toda a obre por causa de um tijolo mau colocado, mas que minhas palavras lhe sirvam como testemunha do Grande Amor que Deus tem por todas as suas criaturas, inclusive aos pecadores que sofrem, pois que nenhum sofrimento é eterno, e nenhuma injustiça ficará impune, e toda a virtude que você praticar em benefício de seu irmão, principalmente seu inimigo, terá um peso 100 vezes maior que seus pecados, pois o interesse de Deus é que você eleve sua Alma até Ele. Deus nos chama para junto d'Ele, arrependidos dos pecados e carregados de virtudes com o desejo de fazer cumprir suas Leis. Jesus sempre comparava o Pai como a um rei da terra, para efeitos ilustrativos, como fosse um rei justo. Deus não cai em contradição, ele apenas reage aos seus próprios impulsos. Se você foi abençoado e depois punido, fez mau uso da bênção, simples assim. Se ele perdoa seu inimigo mas cobra de você mais caridade, é porque você pode fazer mais porém está com preguiça, e seu inimigo é limitado intelectualmente e faz o melhor que ele pode.

O Espiritismo nos revela que existem falsos profetas também desencarnados, espíritos na erraticidade, que influenciam más idéias e pensamentos, entram no processo conhecido como obsessão. Muitos materialistas nos acusam de comunhão com o diabo por esse medo, de não vermos o Espírito que nos dirige a palavra. Os materialistas não confiam naquilo que seus olhos de carne não podem ver. Dessa forma, basta ao lobo vestir seu terno de cordeiro e a ilusão será completa. É dever nosso gravar muito bem as Leis de Deus em nossa alma e praticar a Lei diariamente, até que chega um momento em que nossas atitudes no bem sejam automáticas, fazemos o bem por impulso e sem pensar. Assim, quando for o caso de receber uma falsa instrução ou mensagem, nosso próprio coração saberá que tais palavras não fazem sentido na Lei de Deus, que existe contradição. Deus nos deu o Livre-Arbítrio do pensamento para que fôssemos capazes de vencer a nossa inocência dos ignorantes. Assim como existem generais que deram ordem para seus soldados caírem na emboscada do inimigo, existem mensagens que promovem o caos, e desviam nosso caminho. Cabe aos espíritas mais experientes filtrar tais mensagens ambíguas, e manter em segredo as mensagens pessoais, como fazia Chico Xavier. Cabe a nós frequentarmos um centro espírita de boa reputação, com ambiente puro e protegido. Cabe a nós o raciocínio, sem medo de perguntar. Todas as perguntas tem resposta, todas. Se alguém ficar bravo com sua pergunta e não lhe responder, e te ameaçar de violência, você  terá encontrado um DOGMA, e saberá que esse tabu não vem de Deus, é esconderijo para os homens guardarem seus pecados. Deus tudo vê, nada é oculto.

Aquele que acredita com a verdadeira fé em Deus sabe que o mal se manifesta mas o poder do bem e muito maior. As trevas se escondem porque a luz tudo esclarece e transforma a mais negra das sombras na mais pura das luzes a iluminar o Reino dos Céus, eu inclusive. Portanto, assim como um rádio FM sintoniza apenas um canal por vez e ignora todos os outros, o coração puro e virtuoso sempre estará em contato com o bem, e o mal não terá a "vibração" certa para lhe influenciar. Quando as trevas nos iludem de alguma forma, é sinal que nosso coração desejava se satisfazer naquele pecado, e portanto é uma falha na caridade para com nosso próprio coração. Purifiquemos nossos pensamentos, e nossas vontades no pecado serão substituídas pela vontade em servir ao bem, e teremos prazer em fazer o bem. A carne é fraca, e geralmente colocamos a culpa de nossos pecados na "vontade do corpo". O corpo nada quer e nada faz sem a nossa alma, e portanto devemos ter coragem e humildade, e bater de frente com nossas falhas. "Como pode ajudar a tirar o cisco do irmão se você não vê a trave que está no seu próprio olho?"

LUOZ, ESPÍRITO PROTETOR DE CARLSRUHE

CAP22 NÃO SEPAREM O QUE DEUS UNIU

(Mateus 19:3)

Para um materialista é difícil entender porque não poderia pedir divórcio sendo que o relacionamento tornou-se impossível. É simples responder, tornou-se impossível porque nesse relacionamento só existe carne, e sem Deus as trevas dominam e fazem o que querem. Para nós Espíritas essas coisas óbvias são motivos de sentir pena e dó dessas pessoas ignorantes, mas devemos controlar nossos corações e pensar da seguinte forma." Talvez essa desgraça que nossos irmãos deixaram acontecer com eles mesmos os tornem arrependidos de seus pecados e agora eles se aproximem de Deus." Portanto, não é somente pena, que seria o orgulho da superioridade, mas sim esperança em um futuro melhor, mais próximo do Pai. Em um verdadeiro lar edificado por Deus, não existe pecado, e as duas carnes serão uma, e o que Deus uniu ninguém separa. O divórcio é necessário para evitar tragédias nos lares materialistas, como lemos nos jornais quase diariamente, que crimes passionais são cometidos. Mas nos lares religiosos, mesmo que haja uma afinidade com um estranho, são apenas almas amigas de outras épocas, e nenhum pecado carnal pode ser permitido.

Então para nós espíritas qual é a importância do lar nunca ser desfeito? Primeiramente nossos filhos. Toda vida encarnada é cuidadosamente planejada no plano espiritual, para que o acaso não domine nossas vidas, e para que as trevas não se manifestem, pois elas precisam do caos para fugir ao controle de Deus. Um filho, por mais que você desconfie às vezes que é a encarnação do diabo em pessoa, como eu fui, é sempre uma alma escolhida para os Céus para que ele influencie a sua vida da melhor forma possível, e vice-versa. A alma evoluída sempre acha que está saindo "perdendo" com o relacionamento íntimo com uma alma mais ignorante, porém quantas vezes neste livro não usamos a palavra CARIDADE? Além de ser a prática da caridade, Deus testa seus fiéis nas virtudes que aprenderam, pois elas precisam ser sólidas e à prova de qualquer treva. Eu não tenho uma história curta para ilustrar a importância da fidelidade no relacionamento, Recomendo o Livro "Renúncia" por Emmanuel e Chico Xavier.

Contarei a história mais curta que tenho sobre redenção da alma demoníaca: livro "Francisco de Assis" por Miramez e João Nunes Maia editora Fonte Viva 26ªed

Cap9 pag124 Unidos para o Bem.
      O mutirão do Verdugo Hernesto era avassalador, com a participação de dezenas de Entidades predispostas ao Mal, escolhidas a dedo e reunidas em grupos, selecionadas pela intensidade das maldades que praticavam, nas modalidades mais tétricas.
      Hernesto, homenzarrão de traços grosseiros, abrutalhado, tinha sede de sangue como tinha de água. Reunindo um grupo de pessoas através de processo cármico, passara a vida cercado de trevas. Dois de seus filhos se tornaram assassinos por prazer, buscando suas vítimas nas estradas e delas abusando de todas as formas imaginadas na maldade. Entendiam que o furto era prova de sua superioridade aos mais fracos. Duas de suas quatro filhas foram estupradas em sua própria casa, e sua esposa era fera enjaulada na carne.
      Essa era sua família. Sua filha mais nova o idolatrava, Carmellini, e Hernesto tentava expressar a retribuição desse amor de forma muito rudimentar. Eram dois espíritos muito ligados. Um simples choro de Carmellini transformava a Besta maligna em delicada ovelha servil.
      Certa ocasião Carmellini gozava da natureza sozinha, brincando e correndo ao sabor do vento. A menina se transformava em moça e começava a desgostar das atitudes nefastas de seus familiares.
      Em um de seus passeios, Carmellini foi raptada por dois malandros, à espreita da inocência como corvos. Os dois blasfemaram achando ser um presente dos deuses, e abusaram de seu inocente corpo, abandonando a lastimável carcaça. A moça enlouquecera, o trauma a tornara incapaz de raciocinar.
      Quando se recuperou o corpo, sua mente era confusão total, e ela perdeu as memórias e o caminho de casa. Perdida nos Apeninos, alguns lenhadores a encontraram e por caridade a levaram até à cidade. A confusão mental do trauma era tanto que a única coisa que se entendia da menina era uma música "Li..Li..Li..". Ficou conhecida como a "doida Lili".
       Hernesto enlouquecera também. Os filhos, acostumados a abusar das filhas dos outros, aconselharam o pai a esquecer o assunto, pois o pai estava piorando na doença. A única coisa que amarrava a sanidade do coração de Hernesto lhe havia sido arrancada como ele o fizera muitas vezes, mas agora ele sofria intensamente do mal que sempre provara. O egoísmo petrificou seu coração, e sua mente jurava fidelidade eterna ao mal e a vingança.
      Certa vez, alguns ladrões entraram em sua casa achando estar abandonada, e encontraram Hernesto abandonado no leito, apodrecendo de lepra. E Filipino, o diabólico, que tinha muito nojo dessa doença ateou fogo à casa dizendo aos amigos:
      - Hoje, infelizmente, estou praticando uma boa ação, mas vá lá! Essa doença é terrível, se queimássemos todos ficaríamos  livres desses marginais da natureza...
      Hernesto permaneceu consciente durante um tempo, e teve a chance de se reconciliar a Deus, mas preferiu abraçar seus piores sentimentos de ódio e vingança. Livre da carne, seu espírito jurou ser o maior e mais implacável verdugo da história.
       Hernesto tornou-se líder de espíritos baixos das trevas e saiu pelo mundo espalhando baixos pensamentos nos fracos corações dos homens, provocando uma crise na justiça da Terra.
       O diretor espiritual de Assis recorreu à sabedoria de João Evangelhista:

      Meus filhos, vamos colocar os nossos corações a serviço de Cristo. Foi Ele que nos ensinou que o Amor cobre a multidão dos pecados. Não existe ser algum, mesmo que seja todo maldade, que o Amor não desvaneça, ou não penetre na mais profunda das suas entranhas, levando a mensagem de renovação. deus não nos criou diferentes uns dos outros; somos todos iguais, com as mesmas tendências e com o mesmo destino. Tudo isso que notamos, e que achamos ser um desastre nos caminhos humanos, tem como objetivo o Bem, sendo males aparentes. Verdadeiramente, a essência de tudo é o Amor, que mesmo não se mostrando exteriormente, vibra por dentro, ainda que menos intenso, e é neste campo que iremos focar. Não poderemos duvidar do poder insuperável da fé e do Amor, que a missão da luz nos sugere. Quem pretende e trabalha no bem, nunca é desamparado, e nós voluntários dessa guerra, temos de nos preparar, pois o Bem é a ciência na qual quem mais Ama, mais glórias tem.
      Quando a Alma encarnada ou o Espírito livre no plano espiritual se afasta temporariamente dos caminhos espirituais, sente-se intimamente perdida e sem remissão, sentindo-se envolvida em clima negativo, e sente a consciência em um inferno. Mas como nada se perde e tudo se renova na luz, chegará o dia inevitável da renovação interior, da limpeza espiritual se instalar na alma e no coração, por mais alta ordem de Deus. A missão de Jesus Cristo não foi outra nesse mundo. E seus discípulos e agentes do Bem, se esforçam a viver no Seu mais puro Amor, dando testemunho, vivendo na humanidade, por serem todos filhos do mesmo Deus.
      A luz não pode temer as trevas. A Verdade é o programa do Criador que inspira as nobres Criações. Vamos nos unir para o Bem. Esta unidade é por excelência gloriosa. Se porventura tivermos problemas, lembremos de Pedro 4:14 primeira carta:
      "Se pelo nome do Cristo sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus."
      Paulo 8:17 na carta aos romanos:
      "Ora, se somos filhos, também somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo. Se com Ele sofremos, é para que também com Ele sejamos glorificados."
      O nosso irmão Hernesto é um sofredor revoltado com os métodos de disciplina ajustados em seu caminho, ou seja, seu próprio carma. Ser-nos-á difícil ajudá-lo, se compartilharmos a sua revolta, ódio e vingança, se negarmos o perdão. Se conseguirmos doar-lhe algum amor, ele reconhecerá a existência de Deus, e como o filho pródigo, retornará a casa paterna, com a Lei no coração. Vem dos campos de batalha com suas experiências, se tornando no soldado do Mestre, na maturidade da alma. Nenhuma de suas ovelhas se perderá, é a esperança da salvação da ignorância.

      O grupo unidos para o bem estava entusiasmado de esperança, guiados por João Evangelhista, partiram os soldados de Cristo para a batalha celeste. O fanal do grupo era servir sem reclamar, amar sem exigir, perdoar sem limites, compreender sem embaraços.
      Conforme solicitara aos seus assessores, recebeu endereço de Carmellini ainda encarnada, e sabia onde estava o espírito de seu pai e suas más companhias o tempo todo. A moça estava em Florença, internada doente em casa de freiras, que por acaso se encontrava também na mesma casa uma freia que outrora era patroa rígida e presunçosa, que ofendera Hernesto e estava marcada para a vingança. Então Hernesto reuniu seus corvos malignos e sobrevoaram o convento, porém sem perceber a presença das boas almas protetoras do lugar, pois que o bem é muito mais suave e se torna invisível ao mal.
      João Evangelhista pessoalmente se encarregou da tarefa de preparar o ambiente, no quarto de Carmellini, A louca Lili. A moça já estava de idade avançada, pois o tempo avança em diferentes passos para os espíritos. Sua doença lhe enchia os podres pulmões de fluidos e chagas explodiam em sua pele castigada. Seu coração mal batia, aguardando somente a sua unção.
      João tomou uma forma visível de idoso senhor, e colocou a cabeça da enferma em seu colo para lhe preparar os sentimentos necessários para o reencontro com sei pai, Hernesto.
      Hernesto foi atrapalhado pelas forças do bem que esconderam a freira arrependida, e acabou entrando no quarto de Carmellini. A princípio não reconheceu o corpo da filha, mas foi impedido de sair por Pai João. Em sua mente nefasta e endurecida de ódio, Pai João acendeu pequena vela de esperança, na forma da memória da pequenina e inocente Carmellini de seus tempos felizes. Ele passou as mãos nos olhos vesgos sem acreditar em sua boa sorte. Era ela mesma! Um turbilhão de pensamentos desconexos passou por sua mente.
      (Paulo aos Efésios 4:22)" No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano. (...) E vos renoveis no espírito do vosso entendimento. e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus em Justiça e retidão, procedentes da Verdade."
       A pequena faísca acendida por Pai João começava a aumentar, fazendo com que os pensamentos de Hernesto se ordenassem no amor esquecido, e acalmando seu ódio. As saudades começaram a dominar seus pensamentos. Sua espada espiritual foi enterrada no chão em forma de cruz e caiu de joelhos diante da filha enferma. 
      João Evangelhista chamou com delicadeza:
- Carmellini!... Eis teu pai, minha filha! Lembra-te dele, Hernesto, esse coração que te ama. Toma coragem e mostra-lhe o amor. Ajuda a seu pai nascer de novo em espírito e verdade.
      Carmellini levantou-se e viu a cruz da espada enterrada, beijou-a em agradecimento. Hernesto não conseguia disfarçar as lágrimas. A aparência grotesca de Hernesto dava sinais de rejuvenescimento, uma bênção do amor renascido. Por um momento, Hernesto sentiu ciúmes de Pai João por ter tocado na filha, mas o ambiente preparado anteriormente já tinha previsto esse inconveniente, e as providências já foram acertadas.
      Carmellini, começou a reconhecer seu pai, abriu os braços e caíram os dois em lágrimas regeneradoras. Aos beijos e abraços, o amor começava a fermentar nos dois corações antes tristes. A moça pediu a Pai João que lhe apresentasse a vida do pai, e então Pai João sentiu que era hora de cortar os laços da menina com seu corpo moribundo.
      O corpo doente deu seu último suspiro, e as freiras quase imediatamente se deram ao trabalho de se livrar da doença, queimando também os utensílios e objetos pessoais. Pai João levou as almas cansadas pelo renascimento até uma estância de renovação, chamada "Estrela do Amanhã", construída pelos primeiros cristãos perseguidos em Roma.
      Hernesto dormira quase uma semana, de tempo espiritual, acordando muito modificado. Chamava por Carmellini que estava lá o tempo todo. Se abraçaram e choraram novamente. Depois de algum tempo os dois estavam acostumados a sua nova realidade, agradecidos pela acolhida.
       Pai João retorna para ter notícias dos resgatados, e Hernesto com dificuldade nas qualidades do agradecimento, novidade para ele, tenta conversar com o anjo:
- Como estás passando meu filho?
- Bem... Bem... Senhor... Espero melhorar mais...
- Sim!.... Deus é misericordioso, o Seu Amor transporta todas as nossas dificuldades e nos desperta para a paz, mesmo em plena guerra.
       Pai João fizera, de fato amanhecer a esperança em todos os irmãos naquela dependência de caridade, em nome de Deus e de Jesus. Todos os que tocavam as suas veneradas mãos e a beijavam, sentiam emoções que se aproximavam da felicidade, e no ato da fé cristã, saía como por encanto, uma parte luminosa como uma pequena estrela, da grande quantidade de fluidos que circulavam acima de sua cabeça, e adentravam os corações, pelas vias da Esperança, que cada um que manifestava a gratidão pela presença do Apóstolo.
       Carmellini sussurrou a seu pai:" Mas que felicidade a nossa, de encontrar esse Anjo de Deus! Por que a gente, quando na Terra, não conhece essas verdades como elas são? Parece um sonho... A vida é muito mais bela do que a contada pelos grandes poetas ou pelo estro de iluminados tribunos!"
       Em outro momento, Pai João cedeu um momento especial aos seus mais novos resgatados:
      - Meus filhos, eis que estamos, por Bênçãos de Deus, nesta estância espiritual, que a bondade de Jesus Cristo nos concedeu. O nosso querido Hernesto acaba de chegar de um temporal; renovado, sente-se um pouco abatido pelo que se passou nas estradas percorridas, mas nada há de ser. Se o amor cobre todas as transgressões, no falar do Velho código de Deus, se o amor cobre todos os pecados, no afirmar do Vero do cristo, que nos resta a fazer nesses momentos? Não perder tempo, no tempo que nos é concedido por graça do Criador, e amar a quem ofendemos, amar aos que julgam ser nossos inimigos, amar os sofredores, os encarcerados, os famintos, os nus de todas as espécies. Amar sem condições, e sem pretender dividendos... O amor é, por excelência, a força única de toda a criação, que Deus usa para nos manter nos esplendores da vida.
      Logo, vocês devem, por inteligência, se familiarizarem com o Evangelho, de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque ele é a síntese mais perfeita de todas as leis cósmicas universais. Lembremo-nos:
     (Mateus 7:7) "Pedi e dar-se-vos-á".
      Dentro da bíblia, meus filhos, existe tudo o que porventura a humanidade possa necessitar. No entanto, é conveniente que compreendamos o sentido da fala de Jesus:" O buscai e achareis" é o esforço próprio de cada coração em busca da Verdade; é igualmente o esforço coletivo de um lar ou país, de um mundo ou constelação, no objetivo da harmonia universal! O batei e abrir-se-vos-á é a continuação da busca, sem esmorecimento; é a persistência nos ideais do Amor e da Caridade, na libertação dos sentimentos superiores. É a firmeza do Bem, que se divide em milhões de caminhos, para que aprendamos a amar sem exigências, e a viver sem maldade. E o pedi e dar-se-vos-á nos sugere pedirmos compreensão com humildade, pedirmos à inteligência Divina que nos inspire nos momentos em que buscamos e batemos às portas da Verdade. E pedirmos aos outros o perdão, quando os ofendemos; é pedirmos em prece pela humanidade inteira. Eis que isso é o princípio da abertura desses entendimentos, que alcançam o infinito.
      Quando a alma se inicia nesses entendimentos, outros prismas de luz darão visão mais ampla, do que pode ser o pedir, bater e buscar. Se esse versículo nos traz tanta sabedoria, e o resto do Evangelho? Um tribuno evangelhizado poderia falar mil anos, sem parar, dos preceitos do Cristo, e ainda restaria assunto para tempo indeterminado. O Evangelho é o pão que desceu do céu, é a água pura que veio à Terra, é a luz que clareia a humanidade! Apeguemo-nos a ele, que seremos salvos para sempre.
     - Meus filhos, todos nós fazemos parte de uma só família e de um só rebanho neste mundo que nos serve de moradia, no qual existe um só pastor, que é Nosso Divino Mestre; o Seu endereço é o testamento que nos legou. Quem quiser encontrá-Lo, que se esforce para entender o que disse. É justo que queiramos saber onde estão aqueles que nos foram caros na existência Terrena; no entanto, quantas vezes passamos por lá? Se na verdade queremos por gratidão, ajudar a quem nos foi de ajuda, devemos auxiliar a humanidade inteira, pois esse é o círculo da vida. E fora da Humanidade tudo que existe está nos ajudando sempre. Onde nossos antigos companheiros estiverem, estarão cercados de amigos e forças do bem. O que chamamos de provas e espiações, são reveses benfeitores para despertar em nós a natureza divina, dentro da natureza humana e além. Firmemos os pés na construção do Bem, que seremos dignos da felicidade, e quem trabalha sem reclamar, na difusão do Amor, será sempre coadjuvado pela Luz de Deus, em inspirações constantes.
      Ninguém pode amar sem perdoar, ninguém pode perdoar sem entender, ninguém pode entender sem analisar, e ninguém pode analisar com bom senso sem sentir no coração a Fraternidade, que se transforma para os outros, em variadas modalidades do Bem. Nós outros, para entendermos o valor da liberdade, certamente deveremos nos submeter às prisões, ser encarcerados pelas reações exteriores e, por último, pela consciência. A luz se define porque existem as trevas. Procuramos a Sabedoria, por estarmos ainda envolvidos na ignorância. Reconhecemos o Sol como agente benfeitor, por causa das trevas da noite. Achamos que o ar é uma bênção de Deus, quando esse fluido divino começa a nos faltar. A saudade nos certifica de que, ao caminharmos junto das pessoas que amamos, devemos dispensar mais carinho. O arrependimento nasce nos contrastes da consciência, que abrem os nossos sentidos para outro tipo de vida e, os caminhos da felicidade, somente os encontramos depois de longa tormenta nas estradas do erro.
      Agora, meus filhos, estão despertos para Cristo e isso é grandioso na vida de cada alma em particular. E a alegria maior é que não existe regressão dos valores conquistados que, se quisermos dizer, nos foram entregues por misericórdia de Deus, nosso Pai Celestial. Devemos compreender que não existem distâncias para quem ama e, se quem ama é amado na mesma dimensão pela alma a fim, mesmo separados pela maior das distâncias, se sentem um só na força do Amor.
      - Eis que a Natureza é nossa mestra maior; os seus exemplos calam de modo indizível em nossos corações e em nossas consciências. Ante qualquer depressão que por vezes nos atinge, simples meditação diante desses corpos vegetais, balançamdo-se na brandura dos ventos, nos devolve a serenidade. Essas flores não parecem sorrisos das nossas companheiras de retaguarda? Os seus galhos não parecem braços e mãos em súplica a Deus? O clima aqui está saudável e desfrutamos de um ambiente ameno, pela ajuda dessas árvores, de certa forma extraordinárias, que nos dão aquilo a que se propuseram dar pela sua estrutura intrínseca, no conceito da vida universal. Assim são as aves, os peixes e os animais, participando todos da existência humana e dando sua contribuição, sem que a exigência seja idéia central, o que geralmente ocorre com os homens. Nada há no mundo que não seja útil!
      "Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito. E quem é justo no pouco é justo no muito."
      - Isso é tema da parábola do administrador infiel; não sou eu quem responde, e sim o próprio Jesus. Se não existem, meus filhos, nem árvores nem animais inúteis na Terra e no Céu, quanto mais homens e Espíritos fora da Carne! Somos criações mais ou menos aprimoradas pelo tempo; ser-nos-á mais fácil ajudar a quem quer que seja, onde quer que estejamos. Constitui negação do bem querer afirmar-nos sem utilidade diante da vida. Todos poderemos ser úteis uns aos outros e quem achar que o pouco não merece atenção está completamente enganado. A fidelidade e a justiça, o Amor e a Caridade, começam mesmo é nas coisas mais simples, crescendo com os valores do próprio tempo. A gradação é muito importante na vida de tudo e de todos. Não poderemos crer nas coisas que se fazem de uma só vez, senão vejamos: as letras são colocadas com intervalos, para que a palavra seja entendível; assim são as palavras que articulamos, nossos pensamentos, os mundos, os sóis no espaço infinito. Tudo obedece a uma cadência, para que a harmonia se faça e se transforme em amor.
      Quem tem interesse em ajudar, nunca espera ou pensa que a ajuda seja muita ou pouca. Auxilia sem exigências, sem medidas para mais ou para menos! De uma gota d´água do oceano poderemos constatar a constituição de todo o mar. De um "Levanta-te e anda", do Cristo, enfermos de muito tempo aprumavam-se e começavam a carregar o seu próprio leito. Foi desse e de outros pequenos atos de Jesus que se constituiu essa doutrina maravilhosa em todo o mundo físico e espiritual... Não queiram esconder o que já possuem de bom. Antes, ofertem esse valor em nome de Deus, que o pequeno tornar-se-á grande pela lente do Amor, pois é dando que realmente recebemos e é recebendo que damos com mais entusiasmo, reconhecendo a grande lei da Justiça.
      Quanto a vocês, espero que logo estejam no trabalho, nas lides do Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele os chama e não exige dos trabalhadores pureza inconcebível. É necessária a boa vontade, que as suas mãos sejam operosas, e que despertem nos corações o prazer de ajudar, de aprender e de amar. Estão numa colônia das mais aparelhadas para o aprendizado com o Mestre. Aproveitem a oportunidade e sejam peças valiosas na engrenagem da casa.
      (Timóteo 5:18)"Não amordaces o boi quando pisa o grão. O trabalhador é digno do seu salário."
      Vejamos a beleza dessa expressão, neste momento oportuno para todos nós. Quando não estamos fazendo o Bem com eficiência, estamos pisando o grão de trigo do Amor; no entanto, esse grão de trigo nasce assim mesmo, desde que estejamos bem intencionados e procuremos, a todos os instantes, nos melhorarmos. As bênçãos dos Céus não faltarão e todo o trabalhador é digno do seu salário. Isso constitui uma grande esperança para os operários do Bem. Cruzar os braços diante das necessidades é não confiar na Providência Divina, é duvidar de si mesmo. E o salário vem para os que trabalham, de maneira bem mais sutil que poderemos imaginar: todavia, nunca deixa de vir. A contabilidade do Céu nada esquece, absolutamente nada. Creio eu que os dois serão, em breve irmãos em Cristo, a serviço da Fraternidade, o que para nós será uma grande, muito grande alegria. Que Deus os abençoe agora e sempre!

CAP23 ESTRANHA MORAL

Esse capítulo trata-se de explicações sobre o jeito correto de se ler a bíblia. Devido à problemas humanos como falhas de memória das testemunhas, ou problemas de tradução entre as línguas, surgem palavras estranhas ao entendimento, e por isso nunca lemos a bíblia no sentido real ou literal, ela deve ser interpretada figurativamente.

(Lucas 14:25) "Jesus disse:"Não poderá ser Meu discípulo aquele que vier a Mim e não odiar seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, e até mesmo, sua própria vida."

Jesus ensina ANTES dessa passagem "amai ao próximo como a si mesmo." e depois LUCAS me aparece com a palavra odiar? Obviamente, Lucas que era o mais rude entre os apóstolos, não foi capaz de exercer a delicadeza das palavras. Um sinônimo de odiar, porém com sentido menos grave, seria DUVIDAR. O que é uma dúvida? Seria um questionamento, uma pergunta, ou seja, você Não aceita o fato que lhe foi imposto. Esse fato seria a sua própria vida material na Terra. Com isso Jesus queria dizer que aquele que quisesse acompanhar Jesus, não conseguiria fazer assistindo o Datena, deitado no seu sofá, ar condicionado e suco geladinho. Jesus tinha pouco tempo para cumprir sua missão na Terra pois a paciência dos Fariseus e dos Romanos era bem curta. E para isso precisava de trabalhadores dispostos a arriscar tudo na Terra, em troca das recompensas dos Céus.

Hoje em dia Jesus não nos cobra mais sacrifícios de sangue, pois isso é contra a idéia que temos de ordem, justiça, civilização e vida moderna. Mas nunca nos podemos esquecer da Caridade, em doar tempo e compartilhar seus recursos com o próximo. Assim construiremos uma cópia do Reino dos Céus aqui na Terra.

Continuando a justificativa, a língua de Jesus era o Hebraico, e é uma língua difícil e com muitas palavras escritas iguais mas com pronúncias diferentes. Por exemplo, Cabo (de corda) e Camelo (o animal) tem a mesma palavra, escrita. A diferença numa conversa seria a entonação mais aguda ou mais grave. Alguns "R" raspavam a garganta, outros vibravam a língua. A mesma dificuldade na nossa língua emprestada dos Portugueses seriam os vários sons de "S". Ora possui som de gás escapando da garrafa, "SSSS", ora possui som de Z, ora possui som de "CÊ". Ci eu foce escrever da forrma como falamus, voseh teria dificuldades di acompanhar meu rasiosiniu.

Outras parábolas bíblicas levam em consideração costumes e crenças judias daquela época, que não compreendemos mais hoje em dia. Aqui no Brasil, os Palmeirenses são chamados de porcos, apesar do mascote do time ser um periquito. Mas na Alemanha chamar uma pessoa de porco é uma gravíssima ofensa. Os palavrões e ofensas da Alemanha tem sentido a comparar as pessoas aos animais de fazenda, enquanto que aqui no Brasil, você ofende a pessoa comparando-a a um presidiário Homossexual que falhou em defender sua masculinidade.

Muitas mensagens que o homem considera "escondidas", na verdade são de entendimento Espiritual, e portanto os materialistas não possuem o intelecto para compreender. Por exemplo uma passagem de Isaías (14:18) " Todos os reis de todas as nações deitam na glória e riqueza de seus túmulos, Mas serão ressuscitados e expulsos de seus túmulos, em trapos, como cadáveres pisados. Não serão permitidos se reunirem aos outros "na sepultura", pois vocês destruíram a Terra e mataram seu povo."

Isaías foi um grande oráculo, pois tinha o dom de prever o futuro. Mas ele não tinha a permissão/intenção de explicar para aquele povo materialista sobre a vida além do corpo. As pessoas materialistas, não conhecendo a existência da vida da alma, acham que no dia do juízo final, os mortos se levantarão dos túmulos, por isso existem cemitérios por toda a Terra. Na verdade cada alma que desencarna é imediatamente julgada, não apenas levando-se em consideração seu passado, mas também suas realizações futuras. Essa verdade Espírita causa muita polêmica entre os materialistas, e devemos responder o mínimo possível sobre esse assunto, pois essa é a chave da iluminação, o conhecimento da vida após a morte é a mudança completa entre o materialista e o Espírita. Isso normalmente causa muita confusão na cabeça deles, e como sabemos o caos é uma abertura para a instalação das trevas, devemos manter e respeitar o nível de entendimento intelectual de cada um. Não é errado levar uma vida materialista, desde que não seja motivo de sofrimento dos irmãos.

CAP24 NÃO COLOQUEM A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE

Candeia era a Lâmpada, um vaso cheio de óleo que funcionava como lampião. Alqueire não tenho certeza, mas seria uma espécie cesto de vime trançado, onde se carregava a colheita e os pães. Então Jesus quis dizer, Não esconda a luz, o bom não deve se esconder do mundo, o conhecimento não deve ser guardado. O bem vencerá o mal quando o bem se fizer presente, tomar uma atitude. Jesus queria incentivar seus discípulos como um técnico de futebol levanta a moral de seus jogadores antes de entrar em campo. O espiritismo nos alerta sobre a forma como o mal se manifesta. O mal precisa agir no Caos, nas trevas, no desespero. Em um ambiente purificado, em paz, com pessoas iluminadas, as trevas são imediatamente expulsas, não é necessário nenhum ritual especial. Mas se o religioso tentar um exorcismo cheio de medo e insegurança no coração, então será instalado o caos no ambiente e as trevas agirão.

NÃO PROCUREM OS GENTIOS

(Mateus 10:5) Jesus novamente dando instruções aos discípulos, dizendo a melhor forma de evangelizar. Muitas igrejas e maus pensadores usam esta frase como forma de desprezar e ignorar os não crentes, porém mais uma vez lembremos que isso é contra a Lei de Deus pois devemos amar a todos como a nós mesmos. Pense comigo, como era a vida das pessoas comuns na época de Cristo? Muito difícil, e politicamente instável, mais ou menos como é hoje ainda, infelizmente. Então, a estratégia de Jesus foi simples: Evangelizar os Judeus que já sabiam as Leis de Deus mas aplicavam errado, para depois evangelizar aqueles que não conheciam a Lei. Faz muito sentido, pois se você converter os pagãos ANTES dos Judeus, eles iriam acusar o Cristianismo de ser uma seita pagã e JAMAIS aceitariam as palavras do Mestre. Não existe preconceito nenhum nas palavras do Mestre. Os homens preconceituosos enxergam apenas o que tem dentro do coração deles mesmos.

Aqueles que conhecem a Lei e cometem pecados, são muito mais perigosos e culpados do que o ignorante que peca por acidente. A responsabilidade de cada um de nós será o peso de nossos pecados na Balança da Justiça Divina. O mesmo pecado, feito por duas pessoas diferentes, um ignorante e um Religioso, terão o peso de uma pluma de pavão para o ignorante e o peso de 100 elefantes para o religioso. Como o tempo de Jesus na Terra era curto, ele precisava aproveitar melhor o seu tempo combatendo os dogmas judeus, e deixando a evangelização por parte de seus 12 apóstolos e 108 testemunhas. Como qualquer líder sensato faria, delegar funções para a equipe.

OS SÃOS NÃO TEM NECESSIDADE DE MÉDICOS

(Mateus 9:10) Os Fariseus viram Jesus comendo na mesma mesa com Publicanos e pessoas de má fé, e questionaram "Porque o senhor se mistura com essa gentalha?" Jesus responde:" Os sãos não tem necessidade de médico, mas sim os enfermos."

Publicanos eram judeus aliados aos romanos, que dominavam a política da época e eram vistos como traidores, assim como são os políticos hoje em dia. Os Fariseus, somente relembrando, eram chamados de Doutores da Lei de Deus, estudavam os livros judeus do Velho testamento e se julgavam exemplo moral a ser seguido. Na verdade eram muito arrogantes, orgulhosos, e aplicavam a lei de Deus conforme suas necessidades monetárias, eram todos muito ricos. Jesus foi irônico ao responder assim, pois na Verdade Jesus almoçava em silêncio, pois compreendia a situação de ignorância daquelas pessoas. Mas Jesus nunca perdia a oportunidade de ensinar os Fariseus, pois eles eram a verdadeira doença daquele povo, oprimido pelos romanos e pela corrupção das Leis de Deus dos Fariseus.

CAP25 BUSQUEM E VOCÊS ENCONTRARÃO

Esse é o princípio da Lei do Trabalho. Deus não pode descer dos Céus pessoalmente e lhe entregar roupas, comida, uma mansão e as chaves da Ferrari. Que tipo de filho você seria? Que bem você faria a seus irmãos? Quais pecados você tirou do seu coração? Aquele que ora e trabalha, receberá. Se você quiser plantar milho para alimentar seus animais, nascerá milho para seus animais. Se você orar para que sobre milho para você e sua família, sobrará. Se você orar para dar um caminhão de milho de um pé só, não acontecerá. Para que a bênção seja merecida, você deve plantar um caminhão de milho para colher um caminhão de milho. Alguns podem se perguntar:" Mas meu patrão não faz nada e tem tudo." Seu patrão é o administrador responsável por uma riqueza que ajuda a sustentar as famílias de seus empregados, sendo assim, assumir tamanha responsabilidade de ajudar tantos irmãos, é uma bênção digna em si mesma. É claro que alguns acabam corrompidos pela ganância e Vaidade, mas confia a Deus o julgamento dele, trabalhem vocês seus próprios milagres e eles acontecerão.

Existem seitas religiosas que pregam a ignorância como uma bênção. Proíbem uso da mídia, estudos científicos, conversas com pessoas não crentes. Isso é completamente oposto à Lei do Trabalho. O pecado da ignorância é grave no sentido que Deus não pode te ajudar se você não ajudar a você mesmo. Um ignorante que procurar emprego mas não souber trabalhar, não terá emprego digno, será tratado como burro de carga. Se o trabalhador não se atualizar, não poderá receber uma promoção, e não poderá ser responsável por ajudar os companheiros. SE A INTELIGÊNCIA FOSSE PECADO, DEUS NÃO TERIA NOS DADO UM CÉREBRO CAPAZ. Observe o seu cachorro. Nós costumamos achar os cachorros inteligentes, mas são apenas instintos. Ele pode aprender alguns truques, mas não será capaz de trabalhar, de produzir novo conteúdo. Um Ser Humano que abandona a sua própria inteligência, está se rebaixando ao nível dos animais e isso é uma grande ofensa a Deus, pois Ele quer o melhor para você e te deu condições para estudar, mas o ignorante está sempre perdendo tempo, o precioso tempo que temos na Terra é uma grande bênção de Deus. O lazer é necessário para descansar depois do trabalho, mas alguns reclamam que seu trabalho é pouco produtivo, e sobra muito tempo livre. Use esse tempo para aprender um novo ofício! O trabalho dignifica a alma, lhe ensina humildade e a servir as necessidades dos irmãos, lhe ensina Caridade.

(Mateus 6:19) Essa passagem foi uma instrução aos discípulos para que fortalecessem sua fé, pois não iriam ter dinheiro e não iriam trabalhar para os homens, mas sim para Deus. No meio daquele povo materialista, viver se assemelhando a mendigos era muito difícil e isso preocupava os Apóstolos, por isso Jesus os comparou a pássaros, que são recompensados por seus belos cantos. O trabalho vem de muitas maneiras diferentes, não apenas na roça colhendo frutos. O trabalho intelectual também é recompensado e também é uma ajuda aos irmãos. Naquela época os poucos trabalhos intelectuais que existiam eram os inventados pelos Gregos, visto como pagãos preguiçosos. Hoje sabemos o seu valor, de canto, pintura, poesia, teatro, música, e hoje são aceitos como trabalhos dignos.

Jesus disse aos apóstolos para não terem medo, pois até mesmo os pagãos materialistas eram capazes de praticar a Caridade, e a Caridade daquele povo iria sustentar os enviados por Deus, em agradecimento por suas belas palavras. Nós espíritas temos de resistir ao desejo incontrolável de sair pelo mundo gritando a verdade aos quatro ventos, porque estaríamos atirando muitas pérolas a muitos porcos, e estaríamos alimentando muito ódio e muito orgulho e muita inveja. Por isso devemos ser discretos, deixar que nossas boas atitudes falem por nós, e atender aos curiosos um por um, com paciência e cuidado para não revelar tudo de uma vez. Todos nós poderemos ser como os discípulos, mas não podemos fazer o bem para quem não deseja receber. Não podemos matar a sede de quem já bebe de outra fonte. Talvez agora seja a hora de buscarmos os Gentios, os pagãos, os não crentes, os ateus, os criminosos, os políticos, os viciados químicos, aqueles que não tem um caminho aberto até o Pai. Respeitaremos todos os caminhos até Deus, com muita honra e amizade, mas não deixaremos ninguém para trás, principalmente os rejeitados pelas religiões dos homens. Jesus nos convoca diariamente para levar a Candeia para todos que estão no escuro. A terra passará por mudanças previstas pelo Pai João, e é nosso dever e dignidade resgatar os irmãos perdidos assim como eu fui, e vocês foram em outras épocas.

CAP 26 - DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA SE RECEBE

(Mateus 10:8) "Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, limpem os leprosos, expulsem os demônios. Deem de graça o que de graça receberam."
(Lucas 20:45 - Marcos 12:38 - Mateus 23:14) "Afastem-se dos escribas que se exibem passeando com longas túnicas, que gostam de ser saudados em lugares públicos, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nas festas; que sob o pretexto de longas preces roubam as casas das viúvas. Os escribas receberão uma condenação mais rigorosa."

A fraude de se cobrar dinheiro pelas preces que fazemos infelizmente é a epidemia que se espalha pelos nossos tempos modernos. Assim como os escribas e fariseus faziam na época de cristo, temos seitas pastorais onde as pessoas ignorantes nas Leis de Deus pagam dinheiro para o lobo proferir as suas bênçãos. Tais bênçãos poderiam ter sido pedidas por qualquer pessoa em qualquer lugar. A Lei de Deus é muito clara, não enxerga quem não quer: AMAI A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS, AMAI AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO, TODOS SÃO IGUAIS PERANTE DEUS." Nenhum escriba, nenhum Fariseu e nenhum Pastor que cobra pela prece JAMAIS entrou no Reino dos Céus.

(Marcos 11:15 - Mateus 21:12) Quando Jesus chegou a Jerusalém e entrou no Templo, começou a expulsar de lá os que vendiam e compravam. Virou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombos. Não permitiu que ninguém transportasse qualquer utensílio pelo Templo. Enquanto fazia isso, instruía o povo dizendo:" Não está escrito que Minha casa será chamada a Casa de Orações por todas as nações? Entretanto, fizeram dela um esconderijo de ladrões." Os sacerdotes e os escribas, quando ouviram isso, procuravam um meio de prendê-Lo, pois temiam Jesus, uma vez que todos estavam tomados de admiração pela Sua Doutrina."

O dinheiro doado à igreja serve à manutenção do prédio, e às obras de assistência social. SOMENTE ISSO. Nenhum objeto poderá ser atribuído poderes mágicos, nenhuma pessoa pobre pode ser barrada na entrada por não pagar taxa, nenhum milagre será vendido a peso de ouro. O inverso também se aplica. Como pode um aleijado ser curado, se ele somente sente piedade e egoísmo dentro do coração? Se sente injustiçado alegando inocência? Trabalhe e você receberá. O aleijado que curar 100 irmãos, levantará e Andará, porque assim funciona a Misericórdia Divina. Deus não é banco, não é agiota, não é corrupto. O dinheiro nunca pagou um milagre. Somente o Amor e a Caridade fazem milagres.

(Lucas 18:9) Dois homens subiram ao Templo para rezar, um Fariseu e outro publicano. O Fariseu, de pé, rezava:" Meus Deus, eu Lhe agradeço por não ser como o resto dos homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, como também é este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo o que possuo." O Publicano baixou a cabeça e rezou baixinho:" Meu Deus, tenha piedade de mim, pois sou um pecador." Jesus disse:" Eu declaro a vocês que o publicano retornou para casa perdoado, e o fariseu não, pois todo aquele que se eleva sobre os irmãos será rebaixado, e todo aquele que se humilha será elevado."

Nossas preces sempre serão ouvidas por Deus, a qualquer hora a qualquer lugar. Até debaixo d´água. Até no meio do concerto de ópera. Os materialistas não compreendem esse conceito de que Deus é ONIPRESENTE, ou seja, nenhum segredo fica escondido de Deus. Isso então torna a prece desnecessária? Pelo contrário, torna muito necessária. Apesar que Deus já sabe o que você sofre, através da prece podemos "provar" as nossas virtudes, para Deus e para nós mesmos. Vamos voltar lá no começo:

"Meu Reino não é dessa Terra, bem-aventurados os pobres de pecados, pois herdarão o Reino dos Céus".

Quando a prece é feita com humildade e caridade, quando nosso trabalho for uma bênção para nossos irmãos, quando nossas intenções de fazer o bem se tornam verdadeiras, quando não pensamos em dinheiro mas sim que os pássaros são recompensados por suas belas palavras, então o milagre da oração poderá se concretizar, segundo a Vontade de Deus. No Espiritismo a Prece serve também como um rádio que sintoniza uma estação. Através da prece convocamos os espíritos que podem nos ser de ajuda. Se oramos como o Fariseu fez, com arrogância e ódio, seremos atraídos pelos espíritos malignos. Por isso é recomendado sempre ir a uma igreja ou local santo, pois assim teremos um ambiente mais puro e nossos pecados não se manifestarão em nossos pensamentos.

Muitas boas almas se julgam humildes demais para fazer uma prece, mas estão enganadas, pois as preces dos humildes são as mais fortes e as que mais operam no bem. Assim como o segundo mandamento, Não dizer o Nome de Deus em vão, os "oradores profissionais" normalmente passam ignorados porque suas preces cumprem rituais vazios de emoções, apesar que é muito importante fazer prece como uma caridade a outro irmão. Rezar pela salvação de um irmão é uma caridade muito recompensada, porém aquele que vira as costas e não trabalha pela prece, não receberá a sua recompensa devida. Orem, trabalhem e recebam.


Finalizamos nossos trabalhos, Obrigado Senhor por ter me dado essa oportunidade de ajudar meus irmãos através da mídia da internet, perdoai as interferências falhas que meu coração impuro possa ter dado em Sua palavra. Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, e seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos aqueles que nos tenha ofendido, Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Assim Seja.